Roma, 19 set (RV) - A última edição da revista dos jesuítas italianos, "La
Civiltà Cattolica", destaca, num de seus artigos, o descontentamento de alguns sacerdotes
do clero de Pádua.
O artigo explica que, em muitos casos, os problemas vividos
pelos sacerdotes _ em sua maioria jovens _ dizem respeito ao que eles imaginavam antes
de serem ordenados. Trata-se de um mal-estar que atinge principalmente aqueles que
se dedicam a trabalhos assistenciais, na área da saúde e psicologia.
Para
entender um pouco mais sobre a crise vivida no clero de Pádua, a Rádio Vaticano conversou
com o vice-diretor da revista "La Civiltà Cattolica", Pe. Michele Simone, que nos
disse:
Pe. Michele Simone:- "A pesquisa foi feita somente em uma diocese.
Portanto, evidentemente, não pode ser generalizada, mas, certamente, já é um sinal.
O quadro que emerge, mostra que um terço dos padres não enfrentam problemas, enquanto
os outros dois terços, por diversos motivos, enfrentam problemas."
P. Padre,
quais são as causas desses problemas enfrentados pelos sacerdotes?
Pe.
Michele Simone:- "As causas são muitas e diversas. Alguns vivem certo distanciamento,
uma despersonalização de sua missão como sacerdotes. Outros não conseguem ver mais,
o sentido de um sacerdote na sociedade de hoje. Há ainda, aqueles que se sentem cansados
pelo trabalho excessivo, que não permite um tempo reservado para eles mesmos, e muitos
se encontram em crise com as suas escolhas."
O artigo da revista "La Civiltà
Cattolica" fala também de como os jovens sacerdotes podem sentir o celibato como uma
vida "inatural" exposta às explosões do sentimento. Quais são as respostas que a Igreja
dá a esses sacerdotes?
Pe. Michele Simone:- "Insistir na formação dos
sentimentos. Não se trata de reprimir os sentimentos, mas de estar prontos a saber
administrá-los. Deve-se, sobretudo, preparar o futuro sacerdote a afrontar os problemas
que, certamente, muitos padres, especialmente numa sociedade "erotizada" como a de
hoje, devem enfrentam. E há ainda, o problema da relação com a instituição, conseqüentemente
o abandono, a solidão não simplesmente pessoal, mas do ambiente em que se vive. Problemas
também na relação com seus superiores." (JD/AF)