(17/9/2007) O Congresso Pro Pace diocesano no Huambo, terminado sexta-feira, concluiu,
entre outros aspectos, a necessidade da realização da sua replica nos municípios e
comunas fora da sede provincial. Esta determinação surge na sequência de várias
constatações, pouco abonatórias para o período de Paz que Angola vive, sobretudo devido
«a actos de intolerância política e uma frequente partidarização de algumas entidades
civis, religiosas e tradicionais», lê-se no comunicado final. O Congresso constatou
também que «nalgumas comunidades regista-se um certo medo no tocante à liberdade de
expressão, de opinião e abertura a partidos políticos». Por isso, «deve haver esforço
no sentido de as entidades competentes levarem à população a educação cívica eleitoral». No
documento pode ler-se igualmente que «a participação democrática do povo nas eleições
é um acto de cidadania constitucionalmente estabelecido, que deve ser exercido com
liberdade e segurança. Dai que tudo deve ser feito para que todos os cidadãos eleitores
se sintam livres e seguros para poderem realizar este seu direito». Os participantes
manifestaram-se apreensivos em relação àquilo que consideram de «uma certa ignorância
das leis, por um lado, e, consequentemente, a falta de cultura jurídica, que é causa
de muitos abusos». Assim pensam que «é urgente uma ampla divulgação das leis e uma
formação básica sobre elas, sobretudo dos agentes do Estado». Abordaram com profundidade
a democracia e a alternância de poder e a importância dos actos eleitorais, que definem
a vontade do povo na escolha dos seus dirigentes. Ressaltam esta alternância de poder
como fazendo parte do jogo democrático. «Por isso, o Congresso recomenda que um Partido
Político que perde as eleições, mas obtém votos que lhe permitam estar no Parlamento
pode nele ficar e lutar para um dia ganhar o poder desde que tenha capacidade real
para governar». Consideram que os partidos políticos não cumprem com o seu real
papel, reclamando «a sua atenção sobre as questões de interesse nacional candentes,
como a pobreza, e menos sobre os seus interesses particulares, uma vez que é da sua
finalidade prosseguir fins públicos». Analisaram o papel da mulher na sociedade
e constataram que apesar dos avanços já registados, grande parte da população feminina
está à margem da vida política, pois ainda está confinada ao domínio privado, enquanto
os homens dominam o espaço público, excluindo deste modo as mulheres. O evento
abordou as questões da actualidade como as eleições, a cidadania, a oposição em Angola,
a liberdade de imprensa, os direitos humanos, o desenvolvimento, tudo tendo como base
a democracia. Mais de uma centena de pessoas participou do IIº Congresso Pró Pace
Diocesano no Huambo, entre políticos, governantes, autoridades tradicionais, padres,
madres, pastores e catequistas. (Apostolado)