"SEM DEUS, A ARTE É DEGENERADA" AFIRMA CARDEAL MEISNER: IMEDIATA POLÊMICA
Berlim, 16 set (RV) – "Se a cultura perde de vista Deus, se torna degenerada."
Imediata polêmica em torno dessa afirmação do cardeal-arcebispo de Colônia, Alemanha,
Joachim Meisner, feita durante a inauguração do novo museu "Kolumba", de arte religiosa.
O
museu foi construído sobre os escombros de uma igreja destruída pelos bombardeios
da II Guerra Mundial.
O purpurado _ conhecido na Alemanha por suas tomadas
de posição muito claras _ afirmou, em seu discurso de inauguração do museu, que "quando
a cultura se desvincula do culto e da veneração a Deus, o culto se enrijece no ritualismo
e a cultura degenera". "Não nos esqueçamos _ acrescentou o Cardeal Meisner _ que existe
um nexo que não pode ser cancelado, entre a cultura e o culto."
O primeiro
a contestar _ duramente _ as afirmações do purpurado, foi o vice-ministro da Cultura
da região da Renânia-Westfalia, o democrata-cristão Hans-Heinrich Grosse-Brockhoff.
Numa entrevista ao jornal "Koelner Stadt-Anzeiger" o líder político declarou: "É espantoso
que o Cardeal Meisner se tenha deixado levar por tais termos. Isso demonstra que ele
não tem o menor conhecimento do que seja cultura e arte."
Os nazistas haviam
definido a arte moderna como "arte degenerada", porque não se enquadrava nos seus
esquemas estéticos e, logo após a chegada de Hitler ao poder, em 1933, haviam seqüestrado
cerca de 16 mil obras de arte, de artistas modernos e contemporâneos.
O ministro
nazista da Propaganda _ Josef Goebbels _ havia organizado, em Munique, uma mostra
de arte intitulada "Arte degenerada", na qual foram expostas 650 obras confiscadas
de 32 museus alemães.
Consciente do "escorregão" lingüístico de que foi vítima,
o Cardeal Meisner explicou, numa entrevista radiofônica, que sua intenção fora apenas
dizer que, "quando se separam arte e cultura, ambas sofrem".
Três semanas atrás,
o cardeal-arcebispo de Colônia se vira envolvido em outra polêmica, por ter criticado
o grande vitral abstrato criado para o coro da catedral de Colônia, pelo artista alemão
Gerhard Richter. Naquela circunstância, o cardeal afirmara que o vitral em questão
"era mais apropriado a uma mesquita ou a qualquer outro local de culto", mas não a
uma igreja católica. (AF)