PAPA CELEBRA A EUCARISTIA EM MARIAZELL, PELOS 850 ANOS DE FUNDAÇÃO DO SANTUÁRIO
Mariazell, 08 set (RV) - Sob uma chuva incessante, Bento XVI presidiu, esta
manhã, à celebração eucarística no santuário de Mariazell _ centro do Catolicismo
na Europa Central (mais de um milhão de peregrinos da Europa Central vêm rezar, todos
os anos, no santuário de Mariazell) _ aonde chegou, em peregrinação, para comemorar
os 850 anos de sua fundação.
A missa começou com cerca de meia hora de atraso,
porque o pontífice teve que vir de Viena a Mariazell de automóvel, e não de helicóptero.
O mau tempo e a baixa visibilidade obrigaram a cancelar a viagem aérea entre as duas
cidades, uma distância de cerca de 90 km.
Chuva, vento e frio se uniram, para
transformar esta etapa em Mariazell, perto dos Alpes, num calvário para os peregrinos
que vieram assistir à missa: aproximadamente 30 mil pessoas, que se protegiam da chuva,
cobertas com capas e capuzes, assistiram à cerimônia. A celebração era o ponto alto
desta visita do Santo Padre à Áustria. O papa estava protegido da chuva por uma tenda
instalada sobre o altar.
As condições climáticas adversas são, provavelmente,
as responsáveis pela morte, divulgada pela polícia, de dois idosos de cerca de 80
anos. Um teve parada cardíaca e o outro, problemas de circulação. O papa rezou por
eles ao término da missa. "Estou certo de que a Mãe de Deus os levou diretamente para
o Senhor" _ disse.
As leituras da santa missa foram feitas em croata e esloveno.
E as orações dos fiéis, em polonês, eslovaco, tcheco e romeno. Numerosos telões colocados
em pontos estratégicos da fachada do santuário, transmitiam as imagens da celebração.
Em
sua homilia, Bento XVI lamentou a falta de crianças na Europa, e atribuiu o fenômeno
ao egoísmo e à falta de confiança dos europeus, no futuro. "A Europa tornou-se pobre
em crianças. Queremos tudo para nós mesmos, e talvez não confiemos o suficiente no
futuro" _ disse o pontífice.
Mais adiante, considerou que um mundo sem Deus,
que "não sabe mais fazer a diferença entre o bem e o mal", enfrenta a "terrível ameaça
da destruição". A Terra não terá futuro, todavia _ argumentou _ quando realmente se
deixar de amar e quando a face de Deus deixar de iluminá-la. "Mas onde existe Deus,
há futuro" _ ressaltou.
Olhando para a imagem de Nossa Senhora de Mariazell,
Bento XVI denunciou também, a extrema pobreza em que vivem milhões de crianças em
todo o mundo, e o triste fenômeno da infância explorada nas diversas guerras que assolam
o Planeta.
Após a celebração eucarística, o papa saudou, em vários idiomas,
os peregrinos vindos de vários países da Europa central e oriental.
Ao chegar
ao santuário mariano de Mariazell, o pontífice foi recebido pelo abade do mosteiro
de Lambrecht, ao lado do qual percorreu o interior do templo e se dirigiu à Capela
do Santíssimo Sacramento.
O santuário de Mariazell, segundo a lenda, foi fundado
por um monge do mosteiro de Sankt Lambrecht, em 1157. Sua história se caracteriza
pelas doações que recebeu dos reinos centro-europeus, na Idade Média.
Nossa
Senhora de Mariazell é conhecida como "Mãe dos húngaros" e "Mãe dos povos eslavos".
A imagem é uma pequena estatueta de madeira, de 48 centímetros, tendo nos braços o
Menino Jesus, que mostra uma maçã, símbolo da vida.
Segundo a lenda, um beneditino
chamado Magnus foi enviado à localidade, 870 m. acima do nível do mar, para evangelizar
a população. O monge, que levava a imagem, encontrou o caminho cortado por uma grande
pedra e pediu ajuda à Virgem Maria, para poder prosseguir. Nesse momento _ narra a
tradição _ a pedra se partiu em duas. Nesse local, foi erigido o santuário. (AF)