2007-09-06 16:24:27

RDC: CRIANÇAS-SOLDADOS DESMOBILIZADAS, ACORDAM DE NOITE, ASSUSTADAS


Kinshasa, 06 set (RV) - Para as crianças-soldados que participaram da guerra na República Democrática do Congo (RDC) e foram desmobilizadas, a volta para casa é uma viagem difícil.

Com um sorriso amistoso e um ar de auto-suficiência, Cyprien afirma ter 17 anos, apesar de sua ficha, no arquivo do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), indicar apenas 15.

"Fui para a guerra voluntariamente, porque vi que outros faziam isso" _ diz, a bordo de um veículo do CICV, que o leva de volta para sua casa, no território de Masisi, na província de Kivu Norte, leste do país.

"Além disso, estava cansado de escutar as broncas de minha mãe" _ acrescenta Cyprien. Em seus anos de soldado, em grupos rebeldes, que faziam oposição ao governo de Kinshasa, ele ficou conhecido como "Rambo".

Ao ser questionado sobre o motivo que o levou ao lutar, ele responde calmamente: "Nenhum em especial".

A RDC, país com uma extensão semelhante à Europa Ocidental, passou por duas guerras nos anos 90, que deixaram mais de três milhões de mortos, em conseqüência dos combates, da fome e das doenças.

Embora o processo de transição tenha terminado em 2006, com a realização de eleições legislativas e presidenciais, a violência continua no leste, onde ainda estão ativos os grupos armados que enfrentam regularmente o exército.

O retorno à vida civil nem sempre é desejado ou fácil, para jovens que, desde crianças, só conheceram a vida de soldado.

"No início, todos querem alardear que foram soldados" _ diz Mario Pérez, diretor do Centro Don Bosco, de Goma, que acolhe menores em situações difíceis, entre eles crianças-soldados desmobilizadas, à espera de se unirem com suas famílias.

"Alguns estão traumatizados e não conseguem dormir à noite, ou acordam gritando" _ revela Pérez, um venezuelano que trabalha há 20 anos, no Congo, com os salesianos. (AF)







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