(5/9/2007) A situação humanitária do Darfur está a deteriorar-se cada vez mais com
o aumento de deslocados, da violência contra agentes humanitários e dos casos de mal
nutrição. O alerta foi lançado a 31 de Agosto por Margareta Wahlström, coordenadora
substituta do Auxílio de Emergência das Nações Unidas (ONU). De 1 de Junho a 21
de Agosto, 55 mil pessoas foram obrigadas a deixar as suas aldeias. O total de deslocados
desde Janeiro, no Darfur, já passou os 250 mil. Por outro lado, dos 6,4 milhões
que vivem no Darfur, 2,2 milhões são deslocados ou refugiados no Chade e quatro milhões
dependem da assistência humanitária para sobreviverem. Os ataques contra agentes
humanitários aumentaram em 150 por cento, incluindo rapto de veículos, ataques a colunas
de ajuda e outros actos de violência. Margareta Wahlström disse ainda que os casos
de mal nutrição ultrapassam os 17 por cento da população. Ban Ki-moon chegou ontem
ao Sudão para uma visita de cinco dias, que o vai levar também ao Chade e à Líbia.
O acordo de paz no sul [do Sudão] está a ser mantido na generalidade, mas tem
de haver mais esforços para acelerar a sua aplicação”, disse ontem Ban Ki-moon à imprensa
na viagem para Juba, capital da região semi-autónoma do sul do Sudão. A visita tem
por objectivo avaliar a aplicação do acordo de paz que em Janeiro de 2005 pôs termo
a 21 anos de conflito armado entre o governo islâmico do norte e os rebeldes cristãos
animistas do sul, acompanhada desde Março de 2005 por uma força de paz da ONU de 10
mil militares.
Sobre o jantar de trabalho que teve na última segunda-feira
com o presidente sudanês, Omar El-Beshir, Ki-moon disse que o chefe de Estado “reafirmou
o seu compromisso para a completa aplicação do acordo” e “assegurou o fim dos ataques
contra posições rebeldes”. Ki-moon aproveitou também para anunciar a escolha do diplomata
paquistanês Ashraf Qazi, actualmente chefe da equipa da ONU no Iraque, para novo representante
das Nações Unidas no Sudão. A nomeação de Qazi ocorre quase um ano depois do governo
do Sudão ter expulso o então representante da ONU no país, Jan Pronk, depois deste
ter feito declarações sobre a violência em Darfur. O Sudão opôs-se durante meses
à substituição da força da União Africana (UA) no terreno por forças das Nações Unidas
mas as autoridades sudaneses já manifestaram o seu apoio à resolução aprovada a 31
de Julho pelo Conselho de Segurança que prevê o envio de uma força mista de 26 mil
militares, da ONU e da UA, para Darfur..