MONS. GIANFRANCO RAVASI: NOVO PRESIDENTE DO PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A CULTURA
Cidade do Vaticano, 03 set (RV) - O Santo Padre nomeou hoje, o novo presidente
do Pontifício Conselho para a Cultura: trata-se de Mons. Gianfranco Ravasi, até agora
prefeito da Veneranda Biblioteca Ambrosiana.
Ao mesmo tempo, o pontífice o
nomeou presidente das Pontifícias Comissões para os Bens Culturais da Igreja, e de
Arqueologia Sacra, elevando-o à dignidade de arcebispo.
Mons. Ravasi, 65 anos,
nascido em Merate, região italiana da Lombardia, substitui no cargo de presidente
do Pontifício Conselho para a Cultura, o Cardeal Paul Poupard, que renunciou, por
limite de idade, ao encargo que desempenhava há quase 20 anos.
Mons. Gianfranco
Ravasi:- "Recebo esta nomeação com surpresa, por um lado, porque se trata de uma
reviravolta radical em minha vida, embora sob muitos aspectos eu deva dizer que transcorri
boa parte de minha existência, quase sempre no mundo da cultura, no mundo do diálogo,
com um horizonte tão mutável como o da cultura, das artes, da literatura e assim por
diante. Por outro lado, há também uma dimensão que me é muito familiar, isto é, a
de estar na fronteira, para ver também este mundo que não crê, o mundo que se interroga,
o mundo que, por vezes, rejeita, mas que tem dentro de si, sutilmente, uma ânsia de
busca."
P. Mons. Ravasi, quais são, no seu parecer, os principais desafios
culturais de hoje?
Mons. Gianfranco Ravasi:- "Os principais desafios
culturais de hoje se encontram em trajetórias muito diferentes. Por um lado, creio
que há, certamente, o reencontrar ainda os grandes valores, num confronto com uma
tradição tão alta e tão nobre como a tradição cristã. O Cristianismo tem às costas,
dois milênios de cultura altíssima, que não pode ser simplesmente liquidada como,
infelizmente, ocorre, por vezes, em nossos dias, com ironias, com chacotas quase de
tipo debochado. Portanto, o primeiro elemento, num mundo tão vago e incerto, é o de
conseguir encontrar a substância, reencontrar raízes que possam, de certo modo, alimentar.
Outra trajetória é, certamente, a de vencer a superficialidade, a banalidade. O fato
de a cultura religiosa, por sua natureza, fazer perguntas últimas e dar algumas respostas
que são respostas últimas... Isso faz com que, no mundo de hoje _ tão estagnado na
superficialidade das coisas, tão banal e, por vezes, até mesmo vulgar _ se possa,
ao invés, reencontrar uma espécie de centelha profunda, uma espécie de semente lançada
que ainda deve florescer. E esse é o desafio de um diálogo com este mundo."
P.
Mons. Ravasi, como fazer dialogar Evangelho e cultura nesta nossa sociedade?
Mons.
Gianfranco Ravasi:- "O Evangelho e cultura são um binômio que deve ser entrelaçado,
que se cruza, não somente porque o Evangelho deve conseguir expressar-se mediante
as linguagens, mediante as coordenadas da nova cultura, mas, por outro lado, deve
ser também capaz de deixar um traço. Não deve somente expressar-se, mas também fazer
de modo que sua expressão se torne um princípio vital, um princípio fecundante." (RL/AF)