2007-09-02 13:51:05

Em Loreto,neste Domingo, Bento XVI pediu aos jovens a coragem da humildade. Deus procura corações jovens capazes de lhe darem espaço; o que une os crentes - salientou o Papa - é o bem e não a procura do sucesso.


(2/9/2007) Ter “a coragem da humildade”, de “andar em contra-corrente”, seguindo a via da humildade, e não a do orgulho, da violência e da prepotência. Esta “a mensagem” central comunicada por Bento XVI aos jovens, na homilia da Missa desta manhã. Partindo das leituras deste XXII domingo do Tempo Comum, o Papa sublinhou que o próprio santuário de Loreto fala da humildade proclamada no Evangelho do dia.

“A Santa Casa de Nazaré – observou – é o santuário da humildade: a humildade de Deus que se fez carne e a humildade de Maria que o acolheu no seu seio; a humildade do Criador e a humildade da criatura. Foi deste encontro de humildades que nasceu Jesus, Filho de Deus e Filho do homem”.
A humildade não é só “uma grande virtude humana”. Ela “representa, em primeiro lugar, o modo de agir do próprio Deus. A via escolhida por Cristo, o Mediador da Nova Aliança, o qual, aparecendo em forma humana, se abaixou a si mesmo fazendo-se obediente até à morte e morte de cruz”.
Tudo isto, advertiu Bento XVI, constitui para todos, começando pelos jovens, “uma mensagem importante e mais do que nunca actual”:

É esta a mensagem: não sigais o caminho do orgulho, mas sim o da humildade. Caminhai contra-corrente: não escuteis as vozes interesseiras e insinuantes que hoje, de muitas partes, propagandeiam modelos de vida caracterizados pela arrogância e pela violência, pela prepotência e pelo sucesso a qualquer preço, pelo aparecer e pelo ter, em detrimento do ser! (…)

Sede vigilantes! Sede críticos! Não sigais a onda produzida or esta potente actividade de persuasão. Não tenhais medo, caros amigos, de preferir as vias alternativas indicadas pelo amor verdadeiro: um estilo de vida sóbrio e solidário, relações afectivas sinceras e puras; um empenho honesto no estudo e no trabalho; profundo interesse pelo bem comum (…)


A via da humildade, queridos amigos, não é portanto a via da renúncia mas sim da coragem. Não é o resultado de uma derrota mas sim o fruto de uma vitória do amor sobre o egoísmo e da graça sobre o pecado. Seguindo Cristo e imitando Maria, devemos ter a coragem da humildade.


Neste contexto, o Papa evocou o exemplo dos Santos, começando por Francisco e Catarina de Sena, padroeiros da Itália, mas também tantos “esplêndidos jovens”, como Gemma Galgani, Gabriel de Nossa Senhora das Dores, Luís Gonzaga, Domingos Sávio, Maria Goretti, Piergiorgio Frassati, Alberto Marvelli. E – acrescentou ainda - tantos outros rapazes e raparigas que pertencem às fileiras dos santos “anónimos”, mas que não são anónimos para Deus, pois para Ele cada pessoa é única, com o seu nome e o seu rosto próprios.


Bento XVI convidou os jovens congregados em Loreto a seguirem “a humildade que o Senhor nos ensinou e que os santos testemunharam, cada um segundo a originalidade da sua vocação pessoal”. “É do sim a Deus que brotam todos os sim da nossa vida”. “A nossa fé não propõe um conjunto de proibições morais, mas sim um caminho jubiloso à luz do sim de Deus”.


De entre “os desafios” a enfrentar para seguir este caminho, o Papa recordou antes de mais o desafio de “seguir a Cristo até ao fim, sem reservas nem compromissos. E seguir a Cristo significa sentir-se parte viva do seu corpo que é a Igreja. Uma pessoa não se pode dizer discípulo de Jesus se não seguir a sua Igreja”.


A Igreja é a nossa família, na qual o amor ao Senhor e aos irmãos, sobretudo na participação da Eucaristia, nos faz viver a alegria de podermos desde já ter uma primeira experiência da vida futura que será totalmente iluminada pelo Amor. Que o nosso empenho quotidiano seja o de viver aqui em baixo como se estivéssemos já lá em cima.


“Sentir-se Igreja – observou ainda Bento XVI - é vocação à santidade para todos; é empenho quotidiano a construir a comunhão e a unidade vencendo todas as resistências e superando todas as incompreensões”.


Na Igreja aprendemos a amar, educando-nos no acolhimento gratuito do próximo, na atenção solícita em relação a quem se encontra em dificuldade, os pobres, os últimos. (…) Assim se edifica a cidade de Deus com os homens, uma cidade que ao mesmo tempo cresce da terra e desce do Céu, porque se desenvolve no encontro e na colaboração entre os homens e Deus.


Antes de concluir a homilia da Missa celebrada na esplanada de Montorso, nos arredores de Loreto, referiu-se ainda com apreço à recente iniciativa da Igreja italiana de dedicar uma Jornada anual, a partir do próximo dia de Setembro, para a salvaguarda da natureza criada. De facto, observou, “seguir a Cristo comporta também o esforço permanente de contribuir à edificação de uma sociedade mais justa e solidária”. E um dos campos de acção é precisamente este da salvaguarda da natureza.


Às novas gerações é confiado o futuro do planeta, onde são já evidentes os sinais de um desenvolvimento que nem sempre soube tutelar os delicados equilíbrios da natureza. Antes que seja tarde demais, há que adoptar opções corajosas, que saibam criar de novo uma forte aliança ente o homem e a terra.
Concluindo a celebração eucarística, antes da bênção final, o Papa introduziu a recitação do Angelus dominical, com a tradicional alocução. “Em comunhão espiritual” com todos os que estavam “sintonizados através da rádio e da televisão”, Bento XVI recordou o significado do santuário mariano de Loreto: “Depois de Nazareth (observou), Loreto é o lugar ideal para rezar meditando o mistério da Incarnação do Filho de Deus”. Convidou portanto todos a deslocarem-se idealmente a Loreto, entrando na Santa Casa, tendo bem presente a “ligação entre casa e praça”:


Existe um elo recíproco entre a praça e a casa. A praça é grande, aberta, é o lugar do encontro com os outros, o espaço do diálogo, do confronto; ao passo que a casa é o lugar do recolhimento e silêncio interior, onde a Palavra pode ser escutada em profundidade. Para levar Deus à praça, é preciso tê-Lo antes interiorizado na casa, como Maria na Anunciação.
E vice-versa. A casa… dá para a praça. (…) A Santa Casa de Loreto é uma Casa aberta, aberta ao mundo, aberta à vida, aberta também a este Agora dos jovens italianos…


Bento XVI concluiu convidando todos a aproveitarem deste belo recanto da Itália que é o Santuário de Loreto para rezarem à Virgem Maria, invocando “a luz e a força do Espírito Santo, para responder plena e generosamente à voz de Deus”.


Será então que vos tornareis suas autênticas testemunhas na “praça”, na sociedade, sendo assim portadores de um Evangelho não abstracto, mas incarnado na vossa vida.








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