BISPO PARAGUAIO À DISPOSIÇÃO DA JUSTIÇA, PARA REBATER ACUSAÇÕES DO PRESIDENTE DO PAÍS
Assunção, 28 ago (RV) – O bispo paraguaio de San Juan Bautista de las Misiones,
Dom Mario Melanio Medina Salinas, declarou-se, ontem, à disposição da Justiça, e solicitou
uma investigação sobre as graves acusações que lhe foram feitas pelo presidente Nicanor
Duarte Frutos, incluindo o envolvimento num assassinato.
Dom Medina Salinas
é um conhecido defensor dos direitos humanos e foi um dos mais árduos questionadores
da ditadura do falecido Alfredo Stroessner.
"Dom Melanio Medina tem que responder
sobre a morte do sacerdote, Pe. Ciro Martinez, sobre como morreu, já que foi um dos
administradores da Colônia Mestre" _ acusou Duarte Frutos, há alguns dias.
A
colônia "Nova Mestre", 50 km a oeste da capital Paraguaia, Assunção, foi criada com
doações da Associação Solidariedade para o Desenvolvimento, de Mestre, Itália, e,
por meio dela, foram custeadas mil moradias para camponeses, assim como animais de
granja, utensílios agrícolas e obras de infra-estrutura.
O projeto foi criado
há uma década e, na época, Dom Medina Salinas era bispo da região, motivo pelo qual
Duarte Frutos o vinculou com o assassinato de Pe. Martinez, que supostamente conhecia
a má gestão dos fundos do projeto.
"Coloquei-me à disposição da Justiça. As
acusações do presidente são muito sérias e suponho que ele deve ter provas do que
disse" _ afirmou o bispo, antecipando que não responderá a algum ataque, "venha de
onde vier", atendo-se, evidentemente, à exortação feita, na semana passada, pela Conferência
Episcopal Paraguaia (CEP), para que se acabassem as "mútuas agressões verbais" entre
o governo e alguns bispos.
Em entrevista à agência de notícias ANSA, Dom Medina
Salinas afirmou que os ataques de Duarte Frutos contra membros da Igreja Católica
são uma represália à aceitação, por parte do eleitorado, da candidatura do bispo emérito
de San Pedro, Dom Fernando Armindo Lugo Méndez, à presidência do país. (CM/AF)