BENTO XVI NO ANGELUS: NO FINAL DOS TEMPOS, NÃO BASTARÁ DIZER QUE SOMOS "AMIGOS DE
JESUS"
Cidade do Vaticano, 26 ago (RV) - Neste XXI Domingo do Tempo Comum, o Santo
Padre encontrou-se, no pátio interno da residência apostólica de verão, em Castel
Gandolfo, com numerosos peregrinos, fiéis e turistas provenientes de diversos países,
para a habitual oração mariana do Angelus.
Na breve reflexão que precedeu a
oração mariana, o Bispo de Roma refletiu sobre a parábola da liturgia de hoje que,
segundo ele, propõe um Cristo que ilumina, mas que, ao mesmo tempo, desconcerta.
Citando
um trecho do Evangelho de São Lucas, o papa disse: "Enquanto Jesus subia para Jerusalém,
pela última vez, em sua vida terrena, alguém lhe pergunta: "Senhor, é verdade que
são poucos os que se salvam"? E Jesus responde: "Esforcem-se para entrar pela porta
estreita, porque, lhes digo que muitos procurarão entrar, mas não conseguirão."
Mas,
o que significa "entrar pela porta estreita"? Será uma passagem reservada apenas para
poucos eleitos? "De fato _ esclareceu o papa _ esse modo de raciocinar dos interlocutores
de Jesus, se pensarmos bem, é sempre atual: corremos o risco de interpretar a prática
religiosa como fonte de privilégios ou de seguranças. Mas, na realidade, a mensagem
de Cristo vai exatamente em sentido contrário: todos podem entrar na vida eterna.
Porém, a porta é estreita para todos. Não há privilegiados. A passagem para a vida
eterna é aberta para todos; ela é estreita porque é exigente, requer esforço, abnegação,
mortificação do próprio egoísmo."
"A salvação que Jesus nos ofereceu com a
sua morte e ressurreição _ acrescentou o pontífice _ é universal. Ele é o único Redentor,
que convida todos ao banquete da vida imortal. Mas, com uma condição apenas: de nos
esforçarmos para segui-lo e imitá-lo, carregando, como Ele o fez, a própria cruz e
dedicando a própria vida ao serviço dos irmãos."
Retomando ainda o Evangelho
da liturgia deste domingo, o Santo Padre disse que, "não seremos julgados, no último
dia, segundo os nossos presumíveis privilégios, mas segundo as nossas obras". "Os
construtores de iniqüidade serão excluídos, enquanto serão acolhidos somente aqueles
que terão feito o bem e buscado a justiça, a custo de sacrifícios."
Não será
suficiente _ advertiu o Santo Padre _ declarar que somos amigos de Jesus, vangloriando-nos
de falsos merecimentos. "A verdadeira amizade com Jesus se expressa no nosso modo
de viver: com a bondade de coração e a humildade, a mansidão e a misericórdia, o amor
pela justiça e pela verdade, o compromisso sincero e honesto com a paz e a reconciliação.
Eis a nossa carteira de identidade, que nos qualifica como autênticos amigos de Jesus;
eis o nosso passaporte para entrarmos na vida eterna."
"Se quisermos passar
pela porta estreita _ concluiu o papa _ devemos estar a serviço dos pequeninos, ou
seja, dos humildes de coração, como Jesus e como Maria, sua e nossa Mãe. Ela percorreu,
por primeiro, o caminho da Cruz. Eis porque o povo cristão a chama "Porta do Céu".
Somente ela poderá guiar-nos, nas nossas escolhas diárias, na estrada que nos conduz
à "porta do céu"."
Ao término da oração do Angelus, o papa cumprimentou os
fiéis em seis línguas. Em inglês, saudou um grupo de peregrinos que partiu, em bicicleta,
da Catedral anglicana de Cantuária e veio a Roma, percorrendo o tradicional caminho
chamado "Via Francigena". "Espero que esta experiência seja um tempo propício de enriquecimento
espiritual e ecumênico. Que Cristo reforce seus bons propósitos e os das suas famílias"
_ disse o pontífice.
A seguir, em polonês, o papa abençoou os fiéis da Polônia
que, hoje, juntamente com seus bispos, estão reunidos no santuário mariano de Jasna
Gora, para celebrar a festa de Nossa Senhora de Czestochowa. A ela o Santo Padre confiou
o presente e o futuro daquela nação. (MT/AF)