DOCUMENTO FINAL DA V CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO E DO CARIBE
TERIA SOFRIDO ALTERAÇÕES
São Paulo, 17 ago (RV) – O documento aprovado pelos bispos que participaram,
em maio passado, em Aparecida, SP, da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano
e do Caribe é diferente do texto apresentado a Bento XVI, segundo fontes eclesiásticas
citadas ontem, pelo jornal brasileiro, "O Estado de São Paulo".
"Não sei quem
o alterou, mas quero saber, porque não é a primeira vez que isso acontece" _ afirmou
o cardeal-arcebispo de Salvador, Bahia, Geraldo Majella Agnelo, primaz do Brasil,
em declarações ao jornal.
Segundo alguns leigos e teólogos que participaram
da conferência de Aparecida, o documento aprovado pelo papa tem, pelo menos, 200 emendas
ao texto original, votado pelos bispos. Algumas são correções gramaticais, de redação
e de forma, mas há também alterações conceituais e de conteúdo, afirmam.
"As
mudanças mais significativos se referem às CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), núcleos
vinculados à Teologia da Libertação, com grande atuação pastoral e ideológica no continente,
nos últimos 40 anos" _ afirma o "O Estado de São Paulo".
Depois de ter sido
aprovado pelos 266 bispos que estiveram reunidos em Aparecida, o documento foi corrigido
pelo cardeal-arcebispo de Santiago do Chile, Francisco Javier Errázuriz Ossa, e pelo
bispo de Reconquista, Argentina, Dom Andrés Stanovnik, então presidente e secretário,
respectivamente, do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano).
Depois, foi
entregue a Bento XVI, pelo Cardeal Majella Agnelo (um dos presidentes da conferência
de Aparecida), juntamente com os cardeais Errázuriz Ossa e Giovanni Battista Re, este
último, prefeito da Congregação para os Bispos.
"Eu pensei que estava entregando
o original" _ afirmou o Cardeal Majella Agnelo, em suas declarações ao diário paulista.
O cardeal descarta que as alterações possam ter sido uma imposição da Santa Sé, já
que "o papa respeita o que os bispos decidem" _ ressaltou.
Apesar do pedido
do Cardeal Majella Agnelo para que a versão original seja restaurada, o atual presidente
do CELAM e arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, considera difícil
que possa ser de novo modificada, depois de ter sido aprovada pelo papa. (AF)