2007-08-21 17:52:55

CARDEAL BERTONE: TODOS DEVEM PAGAR IMPOSTOS


Cidade do Vaticano, 21 ago (RV) - As declarações do cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, sobre a obrigatoriedade de pagar impostos, se as leis forem justas, reabriram o debate, na Itália, em relação ao combate à sonegação de impostos.

No último domingo, o Cardeal Bertone discursou na reunião do movimento "Comunhão e Libertação", em Rimini, nordeste da Itália, afirmando que todos têm o dever de pagar os impostos, segundo leis justas. Leis que, segundo ele, precisam prestar atenção aos mais vulneráveis e garantir que não ocorrerão injustiças na distribuição dos recursos do Estado.

Com essas palavras, o Cardeal Bertone respondia, indiretamente, ao primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, que, dias atrás, pediu à Igreja Católica que se mobilizasse no combate à sonegação de impostos. "Por que quando vou à missa, esse tema não é abordado nas homilias, não obstante o seu forte valor ético?" _ questionou Prodi, na ocasião.

As palavras do secretário de Estado vaticano geraram várias declarações e interpretações no mundo político. Prodi, naturalmente, se mostrou "completamente de acordo" com suas palavras, enquanto alguns opositores disseram que a declaração do cardeal era uma crítica à política fiscal do governo.

"É importante que o cardeal tenha feito essas declarações, com força e autoridade, mas é fundamental que o governo, o Parlamento e os cidadãos cumpram sua parte" _ disse o subsecretário da Economia e Finanças, Vincenzo Visco.

A Secretária do Partido Radical, Rita Bernardini, acusou os entes eclesiais de terem deixado de declarar à Fazenda, seis bilhões de euros, graças às atuais leis.

De fato, desde 2005, quando foi promulgada pelo governo Silvio Berlusconi, está em vigor na Itália,uma lei que isenta a Igreja de pagar o imposto sobre bens imóveis, para os edifícios de sua propriedade.

Do sul da Itália emerge também a declaração de um sacerdote especialista em Moral, Pe. Antonio Rungi: "Não é suficiente _ afirma ele _ observar a lei de Deus, observar todos os seus mandamentos e preceitos. O Senhor pede um compromisso mais radical em favor dos mais pobres e necessitados, principalmente por parte dos cristãos mais abastados. E os católicos devem dar seu exemplo, desse ponto de vista."

"É inexplicável _ ressalta Pe. Rungi _ que tantas pessoas que se declaram pobres, declarem rendas "miseráveis" e, na vida cotidiana, possuam imóveis e outros bens, ostentando grandes riquezas. Isso deixa supor que fazem negócios desonestos ou que não pagam os impostos. Estes são os mais resistentes a fazer caridade. Existem categorias de pessoas que ganham de modo despropositado em relação às suas exigências reais, enquanto milhões de outras vivem abaixo da linha da pobreza" _ escreve Pe. Rungi.

"Como podem fechar os olhos diante da miséria que nos interpela todos os dias, simplesmente passando de carro por nossas ruas, praias, bairros, campos, periferias e igrejas? Como ignorar nossos compatriotas que revistam no lixo, procurando o que comer? É preciso restituir dignidade e posição social, para sermos uma nação e um povo que fazem da justiça e do direito as bases de seu agir, humano e social" _– conclui o sacerdote da região da Campania _ uma das mais pobres da Itália, no sul da península. (CM/AF)







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