MÉXICO: "SANTA MORTE" ABANDONA A FOICE E GANHA FEIÇÕES DE MULHER
Cidade do México, 14 ago (RV) – A "Santa Muerte", um culto seguido por gente
humilde, delinqüentes e narcotraficantes, no México, deixou a foice e a esquálida
face cadavérica que a caracterizou durante quase meio século e adotou traços mais
suaves e finos, na tentativa de ganhar fiéis.
"Estamos dando um novo contexto
à devoção e, com isso, buscamos evitar os erros do passado, entre eles, o de que quando
a "Santa Morte" nos concede algum favor, ela o cobra com a vida de um de nossos familiares;
isso é totalmente falso" _ disse à agência de notícias espanhola, EFE, David Romo,
da chamada "Igreja Católica Tradicional do México-EEUU", que não conta com nenhum
reconhecimento oficial.
A "Santíssima Morte" _ como a chamam seus sequazes,
foi rebatizada como "Anjo da Morte", numa concorrida cerimônia celebrada no último
fim de semana. A novidade é que a também chamada "Niña Blanca" (Menina Branca) mostra
agora uma face cândida, traços delicados e longos cabelos, em nítido contraste com
a imagem dura e tenebrosa que a caracterizou por décadas: uma caveira vestida com
roupas elegantes e portando numa das mãos e foice e, na outra, o globo terrestre.
David
Romo _ que faz as vezes de guia espiritual e se faz chamar de "arcebispo" _ explicou
que o "Anjo da Morte" é mencionado em várias passagens da Bíblia.
O culto à
"Santa Morte" começou nos anos 40 do século passado, nos bairros pobres da capital
mexicana, estendendo-se, depois, a todo o país, onde é praticado em capelas improvisadas.
Calcula-se
que cerca de dois milhões de fiéis aderem a esse estranho e macabro culto.
Dezenas
de adeptos rechaçaram a nova face da "Santa Morte" e se dizem indignados com a iniciativa
da mudança.
Recentemente, o Arcebispado de Cidade do México declarou à imprensa
que a Igreja Católica desconhece a figura da "Santa Morte". Além disso, num congresso
sobre exorcismo, realizado há poucas semanas, no México, representantes da Igreja
Católica disseram que esse culto é uma "porta que conduz ao Maligno" e recordaram
que "adorar a morte" é idolatria. (AF)