Baucau, 11 ago (RV) - Cerca de 100 timorenses atacaram e destruíram, na noite
de ontem, um convento-escola, em Baucau, na parte oriental de Timor-Leste. Durante
o ataque, muitas estudantes foram violentadas, entre elas, uma menina de apenas oito
anos de idade, segundo informaram hoje, fontes da instituição.
O superior da
Sociedade Salesiana de São João Bosco, Pe. Basílio Maria Ximenes, atribuiu o ataque
a supostos militantes da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN),
descontentes com a nomeação de Xanana Gusmão como primeiro-ministro.
"Os jovens
que atacaram o convento e a escola são militantes da FRETILIN. Meu pessoal e estudantes
reconheceram alguns dos sujeitos que violentaram as estudantes no convento" _ denunciou
Pe. Ximenes.
O superior salesiano explicou que os militantes da FRETLIN, partido
liderado pelo ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, consideram os sacerdotes e religiosas
da Igreja Católica como seus inimigos.
"Condeno esta tragédia porque ocorreu
no convento, um lugar sagrado, e entre as meninas há uma de apenas oito anos" _ acrescentou
o sacerdote.
A polícia de Baucau _ cerca de 120 km a leste da capital timorense,
Díli _ confirmou à agência de notícias espanhola EFE, o ataque ao convento-escola,
informando ter instaurado um inquérito sobre o ataque.
Em Genebra, o Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) condenou ontem, a destruição de várias
escolas e outros centros educativos para crianças, em Timor-Leste. O ano letivo no
país começou na segunda-feira, mas os distúrbios interromperam as aulas em pelo menos
quatro distritos.
Em Baucau, três escolas foram danificadas. Um incêndio arrasou
o edifício "Child Friendly Space", que oferece educação pré-escolar e programas para
jovens, administrado por uma ONG, com apoio do UNICEF.
A violência em Timor-Leste
é atribuída a seguidores da FRETILIN, que obteve 21 das 65 cadeiras do Parlamento,
mas não recebeu a missão de formar um governo. (SP/AF)