DOM MAMBERTI FALA SOBRE STATUS DIPLOMÁTICO DA SANTA SÉ
Cidade do Vaticano, 10 ago (RV) - O arcebispo Dominique Mamberti, secretário
vaticano para as Relações com os Estados, respondeu à proposta do semanário inglês
"The Economist", que sugeria que a Santa Sé renunciasse a seu status diplomático,
passando a se definir apenas como "a maior ONG do mundo".
Numa entrevista
ao jornal católico italiano "L'Avvenire", Dom Mamberti defendeu o papel da diplomacia
do Vaticano a serviço da paz e dos direitos humanos, assumindo declaradamente, posições
contracorrente, no que diz respeito à cultura dominante. "Não admira _ afirmou Dom
Mamberti _ que se queira diminuir o eco da sua voz." De fato, "desempenhando seu próprio
papel internacional, a Santa Sé está sempre a serviço da salvação integral do homem,
segundo o mandato recebido de Cristo".
"Por detrás do convite a reduzir-se
a uma ONG _ prosseguiu o prelado _ para além da incompreensão sobre o status jurídico
da Santa Sé, existe também, provavelmente, uma visão redutiva de sua missão, que não
é setorial ou ligada a interesses particulares, mas sim universal, que abarca todas
as dimensões do homem e da humanidade."
"É por isso que a ação da Santa Sé,
no âmbito da comunidade internacional, é, muitas vezes, sinal de contradição, porque
ela não cessa de elevar a sua voz em defesa da dignidade de cada pessoa e da sacralidade
da vida humana, sobretudo do mais fraco; assim como defende a tutela da família fundada
no matrimônio entre um homem e uma mulher, reivindica o direito fundamental à liberdade
religiosa e promove entre homens e povos relações baseadas na justiça e na solidariedade"
_ acrescentou.
Em sua entrevista, Dom Mamberti levantou a hipótese de que
a proposta do semanário inglês possa ter sido motivada "por uma compreensão inexata
do lugar da Santa Sé na comunidade internacional; um lugar que remonta ao início da
própria comunidade internacional e se foi consolidando, sobretudo, no final do século
XIX".
Dom Mamberti explicou que "com o desaparecimento dos Estados pontifícios,
tornou-se cada vez mais claro que a personalidade jurídica internacional da Santa
Sé é independente do critério da soberania territorial". (SP)