ANGELUS: BENTO XVI REFLETE SOBRE COMO DEVE SER NOSSO RELACIONAMENTO COM OS BENS MATERIAIS
Castel Gandolfo, 5 agos (RV) - A riqueza não é um bem absoluto, embora seja
em si um bem. Por isso, o acúmulo de dinheiro e propriedades não serve para entrar
no Paraíso. Foi a advertência do papa na oração do Angelus, ao meio-dia deste
domingo.
No pátio interno da residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo,
a cerca de 30Km de Roma, o pontífice meditou sobre o Evangelho deste domingo, a parábola
do rico insensato. "A palavra de Deus nos estimula a refletir sobre como deve ser
o nosso relacionamento com os bens materiais", disse o papa, continuando:
"A
riqueza, mesmo sendo em si um bem, não deve ser considerada um bem absoluto. Sobretudo
não assegura a salvação, ao contrário, poderia até mesmo comprometê-la seriamente."
Precisamente
sobre esse perigo, no Evangelho de hoje Jesus chama a atenção dos seus discípulos,
continuou o papa, acrescentando:
"É sabedoria e virtude não apegar o coração
aos bens deste mundo, porque tudo passa, tudo pode acabar repentinamente. O verdadeiro
tesouro que devemos buscar sem parar para nós cristãos está nas coisas do alto, onde
se encontra Cristo sentado à direita do Pai."
Bento XVI recordou também que
amanhã, segunda-feira, celebraremos o 29º aniversário da morte de Paulo VI, ocorrido
no dia 6 de agosto de 1978, na solenidade da Transfiguração do Senhor. O papa evidenciou
a missão do seu predecessor em anos nada fáceis do século passado:
"O dia da
solenidade da Transfiguração permanece ligado à memória do meu venerando predecessor,
o Servo de Deus Paulo VI, que precisamente aqui, em Castel Gandolfo, em 1978 completou
a sua missão e foi chamado a entrar na casa do Pai celeste: a sua recordação seja
para nós convite a olhar para o Alto e a servir fielmente o Senhor e a Igreja, como
ele fez em anos difíceis do século passado."
"Que Nossa Senhora _ continuou
o papa _ nos obtenha essa graça, precisamente no dia de hoje, no qual celebramos a
memória litúrgica da Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior." "Esta é a primeira
Basílica do Ocidente construída em honra a Maria e reedificada em 432 pelo papa Xisto
III, para celebrar a divina maternidade de Nossa Senhora, dogma que fora solenemente
proclamado no Concílio Ecumênico de Éfeso, no ano precedente".
Após a recitação
da oração mariana, Bento XVI quis dirigir um pensamento especial aos responsáveis
e aos fiéis da Igreja Ortodoxa Romena, poucos dias depois da morte do patriarca, Sua
Beatitude Teoctist.
"Às exéquias solenes, que tiveram lugar sexta-feira, na
catedral patriarcal de Bucareste enviei como meu representante o presidente do Pontifício
Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, com uma delegação
especial." "Com estima e afeto, quero recordar esta nobre figura de Pastor que amou
a sua Igreja e deu uma contribuição positiva às relações entre católicos e ortodoxos,
encorajando constantemente a Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico
entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa no seu conjunto".
O papa recordou
também as duas visitas que Sua Beatitude Teoctist fez ao Vaticano, ao papa João Paulo
II, e o acolhimento que reservou ao Bispo de Roma na sua "histórica" peregrinação
à Romênia, em 1999. São "testemunhos claros do seu empenho ecumênico", disse Bento
XVI.
"Eterna seja a sua memória: é assim que a tradição litúrgica ortodoxa
encerra o rito fúnebre de todos aqueles que adormecem no Senhor. Façamos nossa, esta
invocação _ continuou o Santo Padre _ pedindo ao Senhor que acolha este nosso Irmão
no seu reino de luz infinita e lhe conceda o repouso e a paz prometidos aos servidores
fieis do Evangelho."
O patriarca Teoctist, que durante 21 anos foi o pastor
espiritual do segundo maior povo ortodoxo do mundo, foi enterrado na Catedral Metropolitana
de Bucareste, com as mais altas honras civis e religiosas.
Concluindo o Angelus
dominical, o pontífice saudou ainda, em várias línguas, os diversos grupos de fiéis
e peregrinos presentes em Castel Gandolfo, e concedeu a todos a sua Benção apostólica.
(SP)