Nova era na Irlanda: chegou ao fim a missão militar britânica
(1/8/2007) Chega hoje ao fim a missão do exército britânico na Irlanda do Norte,
iniciada há 38 anos para mediar o confronto entre católicos e protestantes. Um acontecimento
apenas simbólico, já que, em termos materiais, o número de soldados estacionados no
território já estava reduzido a cinco mil. Esses soldados vão permanecer nas casernas,
mas a segurança vai passar a ser inteiramente da responsabilidade da polícia, agora
que o novo governo está em funções e o processo de paz entre unionistas e nacionalistas
irlandeses está a ser cumprido A «Operação Banner» estava no activo desde 1969,
para ajudar a polícia local devido às dificuldades sentidas na contenção dos confrontos
violentos entre militantes católicos e protestantes em Agosto daquele ano. Embora
no início a presença dos militares fosse provisória, acabou por se estender durante
várias décadas, tendo servido nesta missão mais de 300 mil soldados, dos quais 763
morreram em serviço (o último em 1997). No pico do terrorismo e dos ataques entre
as várias facções do conflito chegaram a estar na Irlanda do Norte cerca de 27 mil
militares – número que contrasta com os 5.500 militares britânicos que actualmente
se encontram no Iraque. Os militares britânicos foram sempre vistos pelos nacionalistas
republicanos (que lutavam pela integração da região na República da Irlanda) como
opressores, e tornaram-se alvo do grupo terrorista Exército Republicano Irlandês (IRA). O
pior momento do seu envolvimento no conflito foi aquele que ficou conhecido “Domingo
Sangrento” em 1972, quando o regimento de pára-quedistas disparou sobre uma manifestação
pelos direitos civis dos católicos, matando 13 pessoas. O episódio, que inspirou um
conhecido tema musical da autoria do grupo irlandês U2, aumentou a animosidade dos
católicos contra os militares britânicos e o apoio ao IRA. Um inquérito àqueles
acontecimentos foi lançado pelo antigo primeiro-ministro britânico em 1998, mas a
publicação dos resultados ainda não foi anunciada.