A AMIZADE É POSSÍVEL ENTRE CRISTÃOS E MUÇULMANOS, DIZ VIGÁRIO APOSTÓLICO DE TRÍPOLI,
NA LÍBIA
Trípoli, 28 jul (RV) - A situação da minoria católica _ e cristã em geral _
nos países muçulmanos tem sido objeto de diversos estudos. Entre as últimas produções
encontra-se a obra do redator-chefe da revista católica italiana Città Nuova,
Michele Zanzucchi, que fez um livro-reportagem com o título "Cristãos na terra
do Alcorão. Viagem nos paises do mediterrâneo".
Para nos falar sobre a
situação dos cristãos que vivem em países muçulmanos, a Rádio Vaticano entrevistou
o vigário apostólico de Trípoli, na Líbia, Dom Giovanni Innocenzo Martinelli, que
nos falou um pouco de sua experiência. Eis o que ele nos disse:
"A identidade
cristã aqui na Líbia é, por assim dizer, estrangeira. São muitos africanos, todos
clandestinos, muitos asiáticos _ entre os quais muitos filipinos _ que trabalham nos
hospitais e nas empresas. É uma Igreja verdadeiramente peregrina, formada por essa
diversidade. A presença e os serviços oferecidos contribuem diretamente a um testemunho
daquilo que é o cristianismo, através também do trabalho que os religiosos prestam,
nos corredores dos hospitais ou nas ruas. É o declarar-se cristãos típico daqueles
africanos orgulhosos de dizer 'sou cristão', e, portanto, a alegria de testemunhar
a sua fé, sobretudo na amizade, na amizade simples do dia-a-dia, mediante o contato
com os outros. Tudo isso não é obra de uma elaboração, mas nasce espontaneamente,
baseado naquilo em que se acredita e se é levado a amar. Conhecemos muitos muçulmanos
que nos querem bem e que, de certo modo, nós amamos justamente porque são sinceros
e expressam com orgulho a sua identidade muçulmana. Outro dia, um muçulmano e um cristão
vieram juntos até a mim, e o muçulmano me disse: 'estivemos antes na mesquita, para
que ele soubesse como nós rezamos, e agora eu venho aqui à igreja com ele para dizer
que a fé nos une _ na diversidade das tradições _ no mesmo Deus'. Esse é mais ou menos
o caminho, simples, que vivemos aqui na Líbia, enfatizou Dom Martinelli." (JD)