Lorenzago di Cadore, 26 jul (RV) - Numa sociedade na qual o divórcio está se
convertendo num fenômeno de massa, o Papa pede às comunidades católicas que respondam
com "prevenção" e "acompanhamento".
Foi o conselho que o papa deu na última
terça-feira, dia 24, num encontro de perguntas e respostas do qual participaram cerca
de 400 sacerdotes das dioceses de Belluno-Feltre e Treviso. O encontro se realizou
na igreja de Santa Justina Mártir, em Auronzo, localidade próxima a Lorenzago di Cadore,
nos Alpes italianos,onde Bento XVI conclui amanhã, sexta-feira, seu período de repouso.
Para
o papa, a grande novidade do fenômeno, com relação ao passado, é que o divórcio já
faz parte da vida de muitas pessoas, convertendo-se em algo normal, e ofuscando a
visão do matrimônio indissolúvel.
"O Direito Canônico supõe que o homem como
tal, ainda que não tenha uma grande educação acadêmica, pretenda contrair matrimônio
segundo a natureza humana, como indicam os primeiros capítulos do Gênesis. É homem,
tem a natureza humana, e portanto sabe o que é o matrimônio."
"Mas hoje esse
axioma segundo o qual o homem pretende fazer o que é próprio de sua natureza, um matrimônio
único, fiel, transforma-se num axioma um pouco diferente", pois o divórcio se converteu
em uma experiência "das demais pessoas".
Portanto, o papa pediu que os sacerdotes
promovam os "cursos preparatórios para o matrimônio, um caminho de redescoberta para
voltar a aprender o que nos diz o nosso ser, para ajudar a chegar a uma verdadeira
decisão pelo matrimônio segundo o Criador e segundo o Redentor".
"Mas não basta
a preparação, as grandes crises vêm depois", reconheceu o Santo Padre, sublinhando
a importância do acompanhamento "ao menos nos primeiros dez anos" de matrimônio.
Em
caso de fracasso, o pontífice reconheceu que se deve analisar a questão de que se
houve "realmente a vontade" que o sacramento exige de viver o matrimônio indissolúvel,
"e por esse motivo existe eventualmente o processo para a declaração de nulidade"
matrimonial.
"Se se tratava de um verdadeiro matrimônio e, portanto, não podem
voltar a casar-se, a permanente presença da Igreja ajuda essas pessoas a suportar
outro sofrimento": "viver em um novo vínculo, que não é o sacramental e que não permite,
portanto, a comunhão plena nos sacramentos da Igreja".
"Neste caso, seria preciso
ensinar a aprender a viver com este sofrimento", indicou. Também nesta situação, continuou
dizendo, "a presença do sacerdote, das famílias, dos movimentos, a comunhão pessoal
e comunitária, a ajuda do amor ao próximo, um amor muito concreto, são de enorme importância".
"E
penso que só este amor da Igreja, que se concretiza com um acompanhamento múltiplo,
pode ajudar essas pessoas a se sentirem amadas por Cristo, membros da Igreja, ainda
que atravessem uma situação difícil, e deste modo viver a sua fé", concluiu Bento
XVI respondendo à pergunta de um sacerdote. (SP)