2007-07-25 12:57:42

Cordial encontro do Papa com o clero de duas dioceses do nordeste italiano


(25/7/2007) Clima de festa e de escuta atenta no encontro que Bento XVI teve ontem, terça-feira, ao fim da manhã, na igreja de Santa Justina, em Auronzo di Cadore, com quatro centenas de padres das dioceses da região alpina onde se encontra em período de repouso – as dioceses de Belluno-Feltre e Treviso.
Ao longo de quase duas horas, o Papa – depois da recitação conjunta da Hora de Sexta – improvisou respostas a dez perguntas que lhe foram colocadas por outros tantos sacerdotes, cinco por cada uma das dioceses, sobre variados temas como a formação dos jovens e da sua consciência moral, os problemas da vida sacerdotal, as prioridades na actividade pastoral hoje em dia em Itália. Mas também outros temas mais amplos, como a fidelidade ao Concílio e ao seu espírito, evangelização e diálogo, diálogo com outras religiões (em contexto de forte imigração), e ainda: como conciliar misericórdia e verdade no caso dos divorciados que voltaram a casar ou que “convivem” com um novo cônjuge.
Como declarou à Rádio Vaticano o Padre Frederico Lombardi, nosso director geral e director da Sala de Imprensa do Vaticano, “o Papa respondeu, como é costume, com clareza e rapidez, a todas as perguntas que lhe foram feitas, e que exprimiam bem as principais interrogações que aqueles sacerdotes tinham a peito. Sentia-se, por isso, um elevadíssimo grau de atenção.” No final, sentia-se uma satisfação geral: “não eram somente os padres a agradecer (com um longo aplauso) o Papa, mas também este agradeceu a estes pelo acolhimento que lhe reservaram”.
Mas vejamos mais em concreto, o essencial de algumas das respostas dadas por Bento XVI às questões que lhe foram apresentadas.

Em relação à atitude pessoal e pastoral a assumir perante os imigrados de outras religiões que chegam à Itália, o Papa observou que há que os encarar como um “próximo a amar”, reconhecendo que, se for difícil um diálogo sobre os grandes temas da fé, este diálogo é possível sobre os valores”. Ainda sobre este tema, Bento XVI fez notar que “a Igreja antiga vivia numa situação de minoria: não somos só nós que temos de nos confrontar com pessoas com visões diferentes”. E citou S. Pedro quando convida a “estarmos prontos a dar razão da esperança que está em nós”.
Idêntica atitude de amor e de “proximidade”, sugeriu-a o Papa também em relação às pessoas divorciadas e que voltaram a casar, para que “se possam sentir membros da Igreja e amados por Cristo, não obstante o facto de se encontrarem em situação de dificuldade”. Ainda sobre os casais, Bento XVI recordou a necessidade de actuar em termos de “prevenção e preparação”, para favorecer “o matrimónio por toda a vida, e não provisório”. Em caso de falência de um casamento, haverá porventura que verificar se existem as circunstâncias para uma eventual causa de nulidade”.

Uma passagem muito aplaudida pelos quatrocentos padres presentes, encabeçados pelos dois bispos, de Beluno e Treviso, foi aquela em que o Papa falou da “beleza do catolicismo”. “Devemos viver com os pés bem assentes na terra, mas levantando os olhos ao céu”. Reconheçamos que “a luz de Deus dá sentido e esplendor à nossa vida”. Bento XVI falou do cristianismo como “uma experiência de grande simplicidade”, observando também que “o modo melhor para levar o anúncio de Deus é viver uma vida de amor”.
Se a Igreja, “sempre contrastada pelos poderes”, for “humilde” – sublinhou o Papa – não deixará de “encontrar o seu caminho na história”. Falando da difícil herança do Concílio Vaticano II, Ratzinger observou que “é com humildade que a Igreja consegue encontrar o seu caminho, sem triunfalismos”. Em todo o caso – advertiu – a avaliação sobre o crescimento da Igreja “não pode ser feita a partir dos números e das estatísticas, que são aspectos superficiais, mas sim sobre a vitalidade e criatividade”.
Bento XVI recordou que também nos tempos antigos, depois dos primeiros Concílios, a Igreja passou sempre por períodos difíceis. Não admira pois que na sequência do Vaticano II se tenham vivido “grandes fracturas históricas”, como em 1968 (período de “crise da cultura ocidental”) e depois também em 1989, com a queda dos regimes comunistas.

Particular atenção reservou-a o Papa – a pedido dos padres presentes – à questão da formação moral dos jovens e à generalizada experiência que estes têm de se sentirem “falhados e derrotados na sociedade actual”. “Um mundo em que Deus não existe – advertiu Bento XVI – torna-se um mundo de arbitrariedade”. Há que ajudar a “escutar a voz da vida humana” e da “dignidade da vida a respeitar”. Em tempos de uma cultura que recusa o sofrimento e a dor, os jovens precisam de fazer “a experiência da renúncia e da aceitação das contrariedades”, caminho para viverem “um amor maior”.

Finalmente, em relação ao evolucionismo, o Papa observou que “não há que estabelecer uma contraposição absoluta entre a evolução e a existência do Deus criador”. O criacionismo e a ciência evolucionista não se excluem mutuamente – considera Bento XVI, observando contudo que “a evolução não basta para dar uma resposta às grandes questões e ver como se chega à pessoa humana e à sua dignidade”.
-No encanto dos Dolomitas em Lorenzago di Cadore Bento XVI permanecerá até á próxima sexta feira á tarde; ás 17 horas está prevista a sua partida de regresso a Roma, seguindo imediatamente para a residência pontifícia de Castelgandolfo, onde no próximo domingo ao meio dia recitará a oração mariana do Angelus . Na próxima quarta feira retomarão as audiência gerais.








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