REPOUSO E TRABALHO CARACTERIZAM FÉRIAS DO PAPA NAS MONTANHAS
Lorenzago di Cadore, 19 jul (RV) - Prossegue em clima de serenidade, o repouso
de Bento XVI entre as montanhas Dolomitas, na pequena localidade alpina de Lorenzago
di Cadore. Ontem, quarta-feira, o papa recebeu a visita do cardeal secretário de
Estado, Tarcisio Bertone, que se deteve a falar com os jornalistas sobre numerosos
temas.
O papa estuda e medita além de fazer breves passeios nas imediações
da casa que o hospeda. Amanhã, o pontífice assistirá a um concerto de corais alpinos.
Enquanto isso, cresce a expectativa pelo encontro, na próxima terça-feira, dia 24,
em Auronzo di Cadore, com o clero das dioceses de Treviso e de Lorenzago di Cadore.
O enviado do jornal católico italiano "L'Avvenire", Salvatore Mazza, nos dá alguns
detalhes:
"O papa está prosseguindo este seu período de repouso entre as montanhas
de Cadore, na pequena localidade de Lorenzago, com uma rotina consolidada: celebra
a missa de manhã, depois trabalha até a hora do almoço. Freqüentemente, durante a
manhã, faz um breve passeio nas imediações da casa, repetindo o gesto à tarde, depois
de um período de estudo. No final da tarde, antes do crepúsculo, sai, para visitar
uma das pequenas igrejinhas ou nichos existentes nas proximidades _ locais que atraem
a religiosidade popular. Ali, reza o terço e, a seguir, retorna a casa."
Ontem,
o cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, esteve em Cadore, onde falou longamente
com os jornalistas sobre numerosos temas de interesse mundial. Antes de tudo, falou
sobre o período de repouso do papa, sublinhando que o clima de Lorenzago di Cadore
favorece "a criatividade" do papa, com suas "paisagens tonificantes a pacificadoras".
"O
papa está trabalhando no segundo volume de sua obra "Jesus de Nazaré" e também
na redação de uma encíclica de cunho social _ revelou o Cardeal Bertone. Além disso,
reflete sobre tantas outras questões. Segundo o cardeal secretário de Estado, já está
elaborando sua mensagem para o XXIII Dia Mundial da Juventude, em Sydney, Austrália,
no ano que vem, e teria _ ao que parece _ algo "in pectore".
O purpurado
falou também aos jornalistas sobre o escândalo dos casos de pedofilia, que envolveram
membros do clero da Arquidiocese de Los Angeles, EUA: "É um fenômeno em nítido contraste
com a missão da Igreja" _ sublinhou o cardeal.
A propósito da recente carta
de Bento XVI aos católicos chineses, o Cardeal Bertone manifestou sinais de otimismo.
"Até o momento, não houve reações. O governo está estudando a carta _ ao menos é o
que pensamos _ buscando aprofundar seu conteúdo. Creio que as reações do povo chinês,
dos sacerdotes e dos bispos tenham sido muito positivas. A carta do papa _ sublinhou
o Cardeal Bertone _ tornou-se um instrumento de reflexão, de diálogo e de conforto."
Durante
a entrevista coletiva, o Cardeal Bertone recordou o discurso do papa na Universidade
de Regensburg, na Alemanha, e sublinhou que o diálogo com o mundo muçulmano procede
de modo aberto e sincero.
Acerca da recente viagem do papa ao Brasil, por ocasião
da inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe,
que se desenvolveu de 13 a 31 de maio, o cardeal comentou que o impacto do pontífice
com as pessoas foi extraordinário, e ressaltou que, em seu discurso de inauguração
da conferência, o Santo Padre propôs uma nova evangelização, com o intuito de frear
a propagação das seitas.
O cardeal secretário de Estado revelou os problemas
que mais preocupam Bento XVI e toda a Igreja: a situação no Iraque e na Terra Santa,
e o abandono da fé na Europa, um fenômeno que priva a gente do Velho Continente da
linfa vital que deveria ser alimentada pelo Cristianismo. Além disso, o papa se preocupa
com a grande missão da Europa nos demais continentes, a começar do continente africano.
Respondendo
a uma pergunta sobre a eventualidade de maior espaço às mulheres, na vida da Igreja,
o Cardeal Bertone disse que "há alguns encargos na Igreja que deverão ser desempenhados
por mulheres".
Concluindo a coletiva de imprensa, o cardeal secretário de Estado
declarou _ comentando o Motu proprio de Bento XVI, sobre a celebração da santa missa
em latim _ que o rito tridentino é um tesouro a ser conservado, afrontando, todavia,
toda e qualquer possibilidade de equívoco. Por exemplo _ esclareceu o cardeal _ se
poderia estudar uma solução para a oração que pede a conversão dos judeus, contida
no rito da Sexta-feira Santa, do Missal pré-Concílio Vaticano II, dispondo que se
reze sempre "segundo a fórmula de Paulo VI". (AF)