IGREJAS CRITICAM O DOCUMENTO PUBLICADO PELA SANTA SÉ SOBRE DOUTRINA DA IGREJA CATÓLICA
Genebra, 12 jul (RV) - "Toda Igreja é a Igreja Católica Universal. Toda Igreja
realiza a sua própria catolicidade quando está em comunhão com as outras Igrejas"
_ disse o vice-secretário geral do Conselho Mundial das Igrejas (CEC), Georges Lemopoulos,
em relação ao documento da Santa Sé, intitulado "Respostas a questões relativas a
alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja", publicado nesta terça-feira.
Georges
Lemopoulos fez essa afirmação usando as palavras do documento "Chamados a ser uma
só Igreja", elaborado pela IX Assembléia Geral do Conselho Mundial das Igrejas durante
uma assembléia realizada em Porto Alegre, em fevereiro do ano passado.
A Assembléia
_ declarou Georges Lemopoulos num comunicado_ afirmou o progresso no movimento ecumênico,
e encorajou a comunhão entre as Igrejas "confiando em Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
que transforma as nossas lutas em unidade e comunhão"_ ressaltou.
Também o
Patriarcado Ortodoxo de Moscou reagiu com desagrado ao novo documento da Congregação
para a Doutrina da Fé, sobretudo onde se diz que só na Igreja Católica "permanecem
todos os elementos instituídos por Cristo".
O Metropolita Cirilo, presidente
do Departamento para as Relações Exteriores do Patriarcado, assinalou numa coletiva
de imprensa que o documento mostra o quanto estamos separados, e considera que a Igreja
Ortodoxa é "herdeira da Igreja indivisa".
Apesar do mal-estar provocado pelas
posições defendidas no documento da Congregação para a Doutrina da Fé, o metropolita
ortodoxo indicou que "para um diálogo honesto" é necessário conhecer claramente as
posições de cada interlocutor. Nesse sentido, ressaltou que o texto não traz nada
de novo e está "em plena conformidade com a doutrina da Igreja Católica".
Já
a Presidente da União Cristã Evangélica Batista da Itália (Ucebi), a pastora Anna
Maffei, sublinhou que o pontificado de Bento XVI, em continuidade com o anterior,
está interpretando os elementos inovadores do Concílio Vaticano II de maneira restrita,
"levando gradualmente a Igreja Católica a posições pré-conciliares".
Num comunicado
difundido ontem, quarta-feira, Anna Maffei disse que a afirmação segundo a qual a
Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica, "marginaliza e exclui as outras Igrejas
cristãs, sendo ainda uma expressão sectária. Nenhuma comunidade de fiéis pode pretender
a exclusividade do uso correto do termo Igreja, bem como que a própria doutrina seja
universalmente considerada infalível"_ ressaltou.
Sobre o futuro do ecumenismo,
a pastora batista disse que o impulso à unidade entre os cristãos não provém "da diplomacia
eclesiástica, da boa vontade ou educação", mas das palavras de Cristo e de Sua oração
pronunciada antes de Sua paixão e morte: "Para que todos sejam um, como tu, Pai, estás
em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia
que tu me enviaste" (Jo 17, 21).
"Não obstante a arrogância, o sectarismo
e os fundamentalismos de alguns, essa oração de Jesus é ainda a vocação de todas as
Igrejas cristãs"_ concluiu Anna Maffei. (MJ)