RESPOSTA DO CARDEAL WALTER KASPER ÀS CRÍTICAS DAS IGREJAS PROTESTANTES AO DOCUMENTO
SOBRE A IGREJA CATÓLICA
Cidade do Vaticano, 11 jul (RV9 - A Declaração da Congregação para a Doutrina
da Fé, publicada ontem, terça-feira, intitulada "Respostas a questões relativas a
alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja", provocou reações de irritação entre os
cristãos protestantes.
"Uma segunda leitura mais serena poderá mostrar que
o documento não diz nada de novo, mas expõe e explica, sinteticamente, a posição até
hoje defendida pela Igreja Católica": é o que afirma o presidente do Pontifício Conselho
para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, que reage às reações
frente à publicação do documento da Congregação para a Doutrina da Fé.
"Não
se verificou uma nova situação _ observa o purpurado _ e, portanto, não existe nem
mesmo uma razão objetiva de ressentimento ou motivos para sentir-se tratados bruscamente.
Todo diálogo pressupõe clareza sobre as posições."
Falando das comunidades
da Reforma, o Cardeal Kasper precisa que "foram justamente os protestantes" que pediram
"recentemente" um "ecumenismo de "perfis definidos"".
"Agora _ acrescenta ele
_ a presente declaração expõe e define o perfil católico, isto é, o que, do ponto
de vista católico, infelizmente, ainda nos divide. Isso não limita o diálogo, mas,
antes, o favorece."
"Uma leitura atenta do texto _ prossegue o presidente do
organismo pontifício que busca promover a unidade entre os cristãos _ esclarece que
o documento não diz que as Igrejas protestantes não são Igrejas, mas que elas não
são Igrejas no sentido próprio, isto é, elas não são Igrejas no sentido no qual a
Igreja Católica se entende por Igreja. Isso, para qualquer pessoa de média formação
ecumênica, é uma coisa óbvia" _ enfatiza.
De fato _ ressalta o Cardeal Kasper
_ "as Igrejas evangélicas não querem nem mesmo ser Igreja no sentido da Igreja Católica;
fazem questão de ter um conceito de Igreja e de ministério que, por sua vez, não responde
ao conceito próprio dos católicos".
"Quando, logo após a declaração "Dominus
Iesus" _ recorda o purpurado _ afirmei que as Igrejas protestantes são Igrejas de
outro tipo, isso não estava em contraste com a formulação da Congregação para a Doutrina
da Fé, como pretendiam algumas reações por parte evangélica."
"Pelo contrário
_ continua o cardeal alemão _ procurei uma interpretação apropriada da qual tenho
convicção até hoje. Sobretudo porque _ observa _ os católicos, ainda hoje, falam de
Igrejas protestantes, da EKD como Igreja Evangélica da Alemanha, da VELKD como Federação
das Igrejas Evangélicas Luteranas na Alemanha, da Igreja da Inglaterra, e assim por
diante."
"A Congregação para a Doutrina da Fé _ reitera o purpurado _ não fez
outra coisa a não ser evidenciar que nós usamos a palavra Igreja, atribuindo a ela
um significado que não é plenamente igual. A declaração presta um serviço à clareza
e, conseqüentemente, ao progresso do diálogo. Mas, sem dúvida _ reconhece ainda o
Cardeal Kasper _ na base do diálogo não está aquilo que nos divide, mas aquilo que
nos une, e que é maior do que aquilo que nos divide." (RL)