2007-07-12 18:06:15

CONGO: VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS ACUSADAS DE BRUXARIA


Roma, 12 jul (RV) - A ONG "Save the Children" denunciou ontem, o abusos e a violência de que são vítimas milhares de crianças, acusadas de bruxaria, na República Democrática do Congo _ um fenômeno que começou no início da década de 90, nas grandes cidades desse país africano.

A "Save the Children" publicou um informe, segundo o qual, em torno de 70 mil crianças são acusadas ou perseguidas por bruxaria, a maioria das quais, na capital do país, Kinshasa.

O informe revela que a perda dos valores tradicionais, o poder alcançado por alguns grupos religiosos como, por exemplo, a "Igreja do despertar", e o trauma dos anos de guerra (que deixaram um saldo de quatro milhões de mortos e um milhão e 600 mil deslocados) têm levado a coletividade a considerar certas crianças como uma possível ameaça, da qual é preciso se proteger.

As crianças são acusadas por pregadores da "Igreja do despertar", por seus próprios pais ou por vizinhos. O informe da "Save the Children" disse que alguns genitores culpam os próprios filhos, pelas mortes causadas pela AIDS e pela malária, além de atribuir a eles a responsabilidade pelo atraso em que vivem, e por todo e qualquer desastre natural.

Alguns eventos naturais ao crescimento de uma criança são considerados, por alguns pregadores e por numerosas famílias congolenses como "sinais inequívocos de bruxaria": debilidade física, magreza, baixa estatura, aspecto de desnutrido, sujeira, epilepsia, desordens de comportamento, desobediência, má-educação, nervosismo e incontinência urinária, além do fato de vagar pelas ruas, tudo isso pode ser sinônimo de que a criança é uma bruxa ou um bruxo. A maioria dessas "características" é própria da adolescência e, outras tantas derivam da pobreza e do escasso nutrimento.

Os pregadores da "Igreja do despertar" asseguram que a bruxaria é capaz de provocar danos, de trazer má sorte, de contagiar enfermidades e desencadear matanças. Essa "seita" religiosa atua graças a doações que obtém, por meio de exorcismos, e conta com a condescendência de funcionários estatais, aos quais paga consistentes subornos. (AF)







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