2007-07-11 17:35:53

CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ PUBLICA DOCUMENTO SOBRE QUESTÕES RELATIVAS A ALGUNS ASPECTOS DA DOUTRINA SOBRE A IGREJA


Cidade do Vaticano, 10 jul (RV) - Uma série de respostas a perguntas para "evitar interpretações errôneas ou redutivas" daquilo que ensina o Concílio Vaticano II sobre a natureza da Igreja Católica: foi essa a finalidade do documento publicado esta manhã, pela Congregação para a Doutrina da Fé, intitulado "Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja". Um documento de importantes conseqüências ecumênicas, que esclarece, em particular, o aspecto segundo o qual a Igreja de Cristo "subsiste" naquela atual, guiada pelo papa e pelos bispos.

Para uma ilustração do documento, a Rádio Vaticano entrevistou o secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, Arcebispo Angelo Amato...

Dom Angelo Amato:- "Diante de interpretações errôneas ou redutivas da doutrina conciliar, a Congregação para a Doutrina da Fé quer evocar o significado autêntico da expressão "subsistit in", que se encontra na constituição dogmática sobre a Igreja _ Lumen gentium. O primeiro quesito pergunta se o Concílio Ecumênico Vaticano II mudou a precedente doutrina sobre a Igreja. A Congregação responde afirmando que o Concílio nem quis mudar e, de fato, não mudou tal doutrina, mas quis somente desenvolvê-la, aprofundá-la e expô-la mais amplamente, sem atenuações ou distorções."

P. Como deve ser entendida a afirmação segundo a qual a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica?

Dom Angelo Amato:- "É o quesito que recebeu várias interpretações e não todas coerentes com a doutrina conciliar sobre a Igreja. A resposta da Congregação, citando o Concílio, diz que Cristo constituiu, na face da Terra, uma única Igreja: "Essa Igreja (...) subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos bispos, em comunhão com ele." A subsistência indica a perene continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo na Igreja Católica, na qual, concretamente, se encontra a Igreja de Cristo nesta Terra."

P. Por que o Concílio usa a expressão "subsistit in" e não simplesmente a forma verbal "é"?

Dom Angelo Amato:- "Alguém interpretou isso como uma mudança radical da doutrina sobre a Igreja. Na realidade, a expressão "subsistit in", que reafirma a plena identidade da Igreja de Cristo com a Igreja Católica, não muda a doutrina sobre a Igreja. Ela expressa, porém, mais claramente, que fora de sua realidade, não existe um vazio eclesial, mas se encontram "numerosos elementos de santificação e de verdade", que "na medida em que são dons próprios da Igreja de Cristo, impelem à unidade católica".

P. Por que o Concílio Ecumênico Vaticano II atribui o nome de "Igrejas" às Igrejas orientais separadas da plena comunhão com a Igreja Católica?

Dom Angelo Amato:- "A resposta deriva do decreto conciliar sobre o ecumenismo, que afirma: "Como essas Igrejas, embora separadas, têm verdadeiros sacramentos e, sobretudo, por força da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia, por meio dos quais permanecem ainda unidas conosco, por estreitíssimos vínculos", elas merecem o título de "Igrejas particulares ou locais", e são chamadas Igrejas-irmãs das "Igrejas particulares católicas".

P. Por que os textos do Concílio e do magistério sucessivo não atribuem o título de "Igreja" às comunidades cristãs nascidas da Reforma do século XVI?

 
Dom Angelo Amato:- "A esse propósito, é preciso dizer que a ferida é ainda muito profunda. Surgidas após um milênio e meio de tradição católica, essas comunidades não custodiaram a sucessão apostólica no sacramento da Ordem, privando-se de um elemento constitutivo essencial do ser Igreja. Por causa da falta do sacerdócio ministerial, essas comunidades não conservaram a genuína e íntegra substância do mistério eucarístico. Por isso, segundo a doutrina católica, não podem ser chamadas "Igrejas" em sentido próprio. Concluindo, gostaria de dizer que, eliminando interpretações espúrias sobre a Igreja, os Responsa (isto é, o gênero literário de respostas a dúvidas) contribuem para reforçar o diálogo ecumênico que, além da abertura aos interlocutores, deve ainda, salvaguardar a identidade da fé católica. Somente assim, se poderá alcançar a unidade de todos os cristãos num "só rebanho e um só pastor" (Jo 10, 16) e sanar aquela ferida que, ainda hoje, impede a Igreja Católica de realizar sua universalidade na história." (RL)







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