2007-06-29 19:59:37

BENTO XVI IMPÕE O PÁLIO SAGRADO A 46 ARCEBISPOS E REPROPÕE O COMPROMISSO ECUMÊNICO


Cidade do Vaticano, 29 jun (RV) - Na solenidade dos santos apóstolos Pedro e Paulo, Bento XVI reiterou seu compromisso em buscar a plena comunhão dos cristãos. Uma declaração que ganhou peso, pela presença, na basílica vaticana, de uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.

Em sua homilia, o papa ressaltou a unicidade de Jesus, que não é somente um profeta, mas o Filho de Deus. Depois, no Angelus, o pontífice reiterou a importância do caminho ecumênico, dirigiu uma saudação especial a Roma _ no dia em que a cidade festeja seus padroeiros _ e anunciou que irá a Nápoles, em visita pastoral, no dia 21 de outubro próximo.

Na profissão de fé de Pedro, "podemos nos sentir e ser, todos, uma só coisa, apesar das divisões que, ao longo dos séculos, dilaceraram a unidade da Igreja, com conseqüências que perduram até hoje" _ disse o papa.

Jesus afirma querer edificar "sobre esta pedra" a sua Igreja e, nessa perspectiva, confere a Pedro o poder das chaves (cfr Mt 16, 19-19). Dessas narrações, emerge claramente, que a confissão de Pedro é inseparável do encargo pastoral a ele confiado, no que diz respeito ao rebanho de Cristo.

"Jesus convida a uma escolha que os levará (os discípulos) a distinguir-se da multidão para tornar-se a comunidade dos que acreditam n'Ele. Efetivamente, existem dois modos de "ver" e de "conhecer" Jesus: um _ o da multidão _ mais superficial; o outro _ o dos discípulos _ mais penetrante e autêntico. Com a dúplice pergunta: "O que diz o povo - O que dizeis vós de mim?" Jesus convida os discípulos a tomarem consciência dessa diferente perspectiva."

"Também hoje é assim _ disse o papa _ muitos se aproximam de Jesus, "externamente". Grandes estudiosos reconhecem a sua estatura espiritual e moral e a sua influência na história da humanidade, comparando-o a Buda, Confúcio, Sócrates e outros sábios, e a grande personagens da história. Não chegam, porém, a reconhecê-Lo em sua unicidade."

Muitas vezes _ acrescentou o Santo Padre _ "Jesus é considerado também, como um dos grandes fundadores de religiões, de quem cada um pode tomar algo para formar uma convicção pessoal". Como naquela época _ constatou _ o povo "tem opiniões diferentes sobre Jesus" e como naquela época, também a nós Jesus repete sua pergunta: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Eis então _ exortou o papa _ que devemos fazer nossa, a resposta de Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".

"O paralelismo entre Pedro e Paulo é sugestivo _ refletiu Bento XVI _ mas não pode diminuir o alcance do caminho histórico de Simão com seu Mestre e Senhor que, desde o início, lhe atribuiu a característica de "rocha" sobre a qual edificaria a sua nova comunidade, a Igreja."

A seguir, o pontífice recordou que, nos Evangelhos sinóticos, a confissão de Pedro é sempre seguida do anúncio, por parte de Jesus, do aproximar-se de sua Paixão. Anúncio diante do qual Pedro reage "porque ainda não consegue entender". E, no entanto, é um elemento fundamental sobre o qual Jesus "insiste, com determinação".

"Também hoje, como no tempo de Jesus, não basta ter a justa confissão de fé: é necessário sempre e novamente aprender do Senhor, o modo próprio no qual Ele é o Salvador e o caminho no qual devemos segui-Lo. De fato, devemos reconhecer que, também para o fiel, a Cruz é sempre dura de aceitar. O instinto impele a evitá-la, e o tentador induz a pensar que é mais sábio preocupar-se em salvar a si mesmo do que perder a própria vida por fidelidade ao amor."

Após a homilia teve lugar a sugestiva cerimônia da imposição do pálio a 46 arcebispos metropolitanos de recente nomeação. O pálio é a estola de lã branca, símbolo da potestade que, em comunhão com a Igreja de Roma, o metropolita adquire em sua província eclesiástica.

Os arcebispos convocados pelo papa, para receber o Pálio Sagrado, eram 51, representando os cinco continentes. Mas, cinco deles não puderam estar presentes. Então, o Santo Padre impôs os Pálios a 46 Metropolitas, cinco dos quais são brasileiros: o arcebispo de Maceió (AL), Dom Antônio Muniz Fernandes, o arcebispo de Montes Claros (MG), Dom José Alberto Moura, o arcebispo de São Paulo (SP), Dom Odilo Pedro Scherer, o arcebispo de Mariana (MG), Dom Geraldo Lyrio Rocha, e o arcebispo de Diamantina (MG) Dom João Bosco Oliver de Faria.

Os fiéis rezaram pelo papa, pela Igreja de Roma e pelo Patriarcado de Constantinopla, pelos novos arcebispos metropolitanos, pelos homens que sofrem por causa da injustiça e da violência e pelos missionários, testemunhas do Evangelho pelos caminhos do mundo.

A solene celebração concluiu-se com a oração do pontífice diante do túmulo de São Pedro, enquanto a assembléia entoava o Tu es Petrus.

Na oração mariana do Angelus, Bento XVI recordou a convocação do ano jubilar dedicado a São Paulo e fez votos de que tal evento possa "renovar o nosso entusiasmo missionário", tornando mais intensas as relações com os irmãos do Oriente.

A seguir, o Santo Padre renovou o compromisso a agir de modo convicto "pela causa da unidade de todos os discípulos de Cristo", pela plena comunhão entre o Oriente e o Ocidente cristãos. (RL)








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