2007-06-29 12:43:09

A festa dos Apóstolos Pedro e Paulo convida a rezar e a agir pela causa da unidade de todos os discípulos de Cristo”: Bento XVI, na Missa na basílica de S. Pedro, na manhã de 29 de Junho


(29/6/2007) Como é tradição, encontrava-se presente uma delegação do Patriarcado de Constantinopla, retribuindo idêntica visita que a Igreja de Roma realiza à sede de Istambul em 30 de Novembro, por ocasião da festa de S. André. O Papa recordou que no ano passado ele próprio participou nessa festa ao lado do patriarca Bartolomeu I. “A visita que cada ano nos fazemos reciprocamente é sinal de que a busca da plena comunhão se encontra sempre presente na vontade do Patriarca ecuménico e do Bispo de Roma” – declarou Bento XVI.
Esta solene celebração de S. Pedro e S. Paulo é também ocasião para o Papa entregar aos novos arcebispos metropolitanos, nomeados nos últimos doze meses, o chamado “palio”, uma tira de lã, símbolo da comunhão com a sede apostólica de Roma.


Se nas I Vésperas de ontem, na basílica de S. Paulo fora de Muros, Bento XVI se deteve sobre a figura do Apóstolo dos Gentios, anunciando a celebração de um “Ano jubilar Paulino” a partir de Junho de 2008, na Missa desta manhã foi S. Pedro – concretamente a sua profissão de fé, no Evangelho de Mateus – o tema da sua homilia. O Papa fez notar que “a confissão de fé de Pedro tem lugar num momento decisivo da vida de Jesus, quando, depois da pregação na Galileia, Ele se dirige resolutamente para Jerusalém, para levar a cumprimento, com a morte na cruz e a ressurreição, a sua missão salvífica.”


“Os discípulos são corresponsabilizados nesta decisão: Jesus convida-os a fazerem uma opção que os levará a distinguir-se da multidão para se tornarem a comunidade dos que crêem n’Ele, a sua família, o início da Igreja. De facto, há dois modos de ver e de conhecer Jesus: um – o da multidão - mais superficial, o outro – o dos discípulos – mais penetrante e autêntico.
Com a dupla pergunta: “Que dizem as pessoas – Que dizeis vós de mim?”, Jesus convida os discípulos a tomarem consciência desta diferente perspectiva. As pessoas pensam que Jesus é um profeta. Isto não é falso, mas não basta; é inadequado. Trata-se, de facto, de ir em profundidade, de reconhecer a singularidade da pessoa de Jesus de Nazaré, a sua novidade. Assim é também hoje”.


Bento XVI sublinhou que nos Evangelhos sinópticos a confissão de Pedro é sempre seguida pelo anúncio da parte de Jesus da sua próxima paixão. Um anúncio perante o qual Pedro reage, porque ainda não consegue compreender. E contudo trata-se de um elemento fundamental sobre o qual Jesus insiste com vigor. Na realidade, só à luz do mistério da morte e ressurreição se compreendem autenticamente os títulos atribuídos a Jesus – Tu és o Cristo, o Cristo de Deus, o Filho do Deus vivo.”


“A integridade da fé cristã é dada pela confissão de Pedro, iluminada pelo ensinamento de Jesus sobre o seu caminho para a glória, isto é, o seu modo absolutamente singular de ser o Messias e o Filho de Deus. Um caminho estreito, um modo escandaloso para os discípulos de todos os tempos, que inevitavelmente são levados a pensar segundos os homens e não segundo Deus.
Também hoje, como nos tempos de Jesus, não basta possuir a justa confissão de fé: é necessário sempre aprender de novo do Senhor o seu modo próprio de ser o Salvador e o caminho no qual O devemos seguir. Devemos de facto reconhecer que, mesmo para o crente, a Cruz é sempre dura de aceitar. O instinto impele a evitá-la, e o tentador leva a pensar que seria mais sensato preocupar-se com salvar-se a si próprio em vez de perder a própria vida por fidelidade ao amor, por fidelidade ao Filho de Deus feito homem”.


Bento XVI fez notar que “a fé dos discípulos se teve que adaptar progressivamente” à autêntica “realidade” de Jesus, cujo “sentido pleno, sempre surpreendente, mesmo paradoxal para as concepções correntes” foi Ele próprio a revelar com a sua vida. A fé dos discípulos “apresenta-se como uma peregrinação que tem o seu momento fontal na experiência do Jesus histórico, encontra o seu fundamento no mistério pascal, mas depois deve avançar ainda mais graças à acção do Espírito Santo. Tal foi a fé da Igreja no decurso da história, tal é também a nossa fé, de cristãos de hoje” – sublinhou o Papa. “Firmemente apoiada na rocha de Pedro, é uma peregrinação para a plenitude daquela verdade que o Pescador da Galileia professou com apaixonada convicção : Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.


Na profissão de fé de Pedro – Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, caros irmãos e irmãs, todos nós podemos sentir-nos e ser uma só coisa, apesar das divisões que no decurso dos séculos têm dilacerado a unidade da Igreja com consequências que perduram ainda hoje.
No nome dos Santos Pedro e Paulo, juntamente com os nossos Irmãos vindos de Constantinopla – cuja presença uma vez mais agradeço - renovamos hoje o empenho a acolher até ao fundo o desejo de Cristo que nos deseja plenamente unidos.








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