BENTO XVI APRESENTA "MOTU PROPRIO" SOBRE CELEBRAÇÃO DA MISSA EM LATIM
Cidade do Vaticano, 28 jun (RV) – Bento XVI apresentou a um grupo de cardeais
e bispos de todo o mundo, o "Motu proprio" que permitirá a celebração da santa missa
em latim, documento que será publicado nos próximos dias.
A apresentação _
segundo precisa uma nota da Sala de Imprensa da Santa Sé _ teve lugar na tarde de
ontem, no Palácio Apostólico do Vaticano, na presença do cardeal secretário de Estado,
Tarcisio Bertone, e cerca de 15 eclesiásticos, entre cardeais, bispos e arcebispos.
Entre
eles, o cardeal-arcebispo de Lyon, França, Philippe Barbarín, o presidente da Conferência
Episcopal Alemã, cardeal Karl Lehmann, arcebispo de Mainz, e o cardeal-arcebispo de
Westminster, Cormac Murphy-O'Connor.
O Cardeal Bertone foi encarregado de ilustrar
o "Motu proprio" (documento que o pontífice escreve por sua própria iniciativa e não
em resposta a uma solicitação) e, a seguir, o Santo Padre conversou por cerca de uma
hora, com os presentes.
O "Motu proprio" intitulado "Sobre o uso do Missal
Promulgado por João XXIII, em 1962" será publicado nos "próximos dias", acompanhado
de uma carta do papa a todos os bispos, segundo anuncia o comunicado da Sala de Imprensa
da Santa Sé.
Este documento pontifício era esperado há tempos. Ele permitirá
a livre celebração da chamada "missa tridentina", também conhecida como "de São Pio
V", que remonta ao século XVI e era celebrada antes das mudanças litúrgicas introduzidas
pelo Concílio Vaticano II (1963-1965).
O Concílio Vaticano II introduziu o
"Novus ordo missae", ou seja, a nova forma de celebrar a santa missa, que substituiu
a missa oficiada em latim, celebrada até 1969. O "Novus ordo missae" introduziu a
possibilidade de oficiar a Eucaristia nos diferentes idiomas. Dispôs também que o
celebrante oficiasse a missa de frente para os fiéis. Até então, o sacerdote ficava
de costas para a assembléia.
Na verdade, a missa em latim nunca foi oficialmente
suspensa, mas foi caindo em desuso, até que, em 1982, João Paulo II decretou que,
para oficiar a missa tridentina, era necessário recolher assinaturas e pedir a permissão
do bispo da diocese onde se queria oficiar a missa segundo o rito tridentino. O bispo
podia aceitar ou rejeitar o pedido.
O "Motu Proprio" de Bento XVI pode significar
o retorno ao seio da Igreja Católica, dos seguidores do bispo francês cismático, Dom
Marcel Lefèbvre, fundador, em 1968, da Fraternidade São Pio X, ferrenha defensora
da tradição e da liturgia tridentinas. Dom Marcel Lefèbvre _ falecido em 1991 _ foi
excomungado pela Igreja, em 30 de junho de 1988, depois de ter consagrado quatro bispos,
sem a permissão de Roma. (AF)