ARCEBISPADO DE CIDADE DA GUATEMALA SATISFEITO COM A RATIFICAÇÃO DA SENTENÇA PARA ASSASSINOS
DE DOM GERARDI
Cidade da Guatemala, 22 jun (RV) – O diretor do Departamento de Direitos Humanos,
do Arcebispado de Cidade da Guatemala, Nery Rodena, manifestou a satisfação dessa
entidade, pela decisão da Corte Constitucional, que confirmou a sentença de condenação
a 20 anos de reclusão, do coronel Byron Disrael Lima Estrada, seu filho, o capitão
Byron Lima Oliva, e o sacerdote Pe. Mario Orantes, pelo assassinado, em cumplicidade,
do então bispo auxiliar da capital Guatemalteca, Dom Juan Gerardi Conedera, em 1998.
"Para
nós, é um feito histórico, termos conseguido uma sentença definitiva, num processo
tão polêmico, mas que demonstrou, de maneira inegável, a responsabilidade dos condenados"
_ afirmou Rodena, anunciando que pedirá à Procuradoria Geral da República, a nomeação
de uma equipe especial, que prossiga as investigações sobre o crime, no qual estariam
envolvidos outros militares.
Em 2001, o Tribunal condenou os imputados militares
a 30 anos de reclusão, como co-autores do homicídio. Não obstante, no dia 22 de março
de 2005, a Corte de Apelação reduziu a pena para 20 anos, mudando a figura de "co-autores"
para "cúmplices". Os advogados dos acusados recorreram novamente da sentença, desta
feita à Corte Constitucional, máxima instância jurídica do país que, agora, confirmou
a condenação a 20 anos de reclusão, para todos os imputados, ou seja, os militares
e o sacerdote.
No dia 26 de abril de 1998, Dom Juan Gerardi Conedera, de 75
anos de idade, foi assassinado na garagem da casa paroquial onde vivia, localizada
a cerca de 300 metros da sede do governo da Guatemala, quando retornava de um jantar
com seus familiares. O bispo teve seu crânio massacrado pelos repetidos golpes que
lhe foram desferidos, com um bloco de cimento.
A terrível agressão de que foi
vítima teve lugar horas depois de ele ter divulgado, na Catedral local, os resultados
do projeto interdiocesano "REMHI" (Recuperação da Memória Histórica). Tais resultados
estavam contidos no relatório intitulado "Guatemala: Nunca mais", onde estão minuciosamente
documentadas todas as violações dos direitos humanos, perpetradas nos 36 anos de guerra
civil no país: 55 mil casos, 80% do quais atribuídos ao exército e não à guerrilha,
como sempre se quis fazer crer à população guatemalteca e ao mundo. (AF)