Islamabad, 19 jun (RV) - O governo paquistanês criticou duramente, ontem, a
condecoração concedida pela Grã-Bretanha ao escritor anglo-indiano, Salman Rushdie,
autor da obra "Versos satânicos". Rushdie recebeu, das mãos da rainha Elizabeth, o
título de Sir (cavaleiro), no último sábado. A condecoração irritou os muçulmanos,
que consideram o livro de Rushdie uma ofensa ao Islã.
O Parlamento do Paquistão
aprovou uma moção que define Rushdie como "blasfemo". O ministro de Assuntos Religiosos
do Paquistão, Mohammed Ijaz ul-Haq, chegou a afirmar que o título era uma justificativa
para atentados suicidas.
Os muçulmanos de várias cidades paquistanesas queimaram
bandeiras britânicas e imagens de Rushdie e da rainha Elizabeth II, gritando: "Matem-nos!"
No domingo, o Irã acusou a Inglaterra de insultar valores islâmicos e afirmou
que Rushdie é uma das figuras mais odiadas do mundo islâmico.
Em 1989, o aiatolá
iraniano, Khomeini, emitiu uma fatwa (decreto religioso) condenando Rushdie à morte.
O
escritor teve de viver escondido durante nove anos. Em sua obra "Versos satânicos",
o autor insinua que Maomé estava sob a influência de haxixe quando criou o Islamismo.
A visão do anjo Gabriel não teria passado de uma alucinação.
O título de Sir
foi-lhe concedido _ durante a cerimônia de comemoração do aniversário de 81 anos da
rainha Elizabeth II _ por suas contribuições à literatura. (CM)