Conversão permanente, deixando-se plasmar pelo Espírito, prontos aonde Ele os chamar:
esta a orientação do Papa aos Franciscanos Conventuais, em mensagem que lhes confiou
Domingo em Assis.
(18/6/2007) Este ramo da Ordem franciscana está celebrando, precisamente na cidade
de São Francisco, o seu Capítulo Geral (número 199), tendo eleito como novo “Ministro
Geral” o italiano Padre Marco Tasca.
Partindo da celebração dos 800 anos
da conversão de São Francisco, Bento XVI sublinhou a necessidade de “voltar sempre
a este acontecimento, para compreender Francisco e a sua mensagem”. “Ele próprio,
como que a sintetizar numa só palavra o seu percurso interior, não encontrou um conceito
mais expressivo do que o de “penitência”… Ele considerou-se portanto, antes de mais
como um “penitente”, em estado – por assim dizer – de conversão permanente. Abandonando-se
à acção do Espírito, Francisco converteu-se cada vez mais em imagem viva d’Ele, na
via da pobreza, da caridade, da missão”.
Bento XVI recordou aos Franciscanos
Conventuais “aquela sintonia eclesial que caracterizou Francisco na sua relação com
o Vigário de Cristo e com todos os pastores da Igreja”, declarando-se “grato pela
pronta obediência” com que acolheram o Motu Próprio sobre as novas relações das duas
basílicas papais de São Francisco e de Santa Maria dos Anjos com a diocese de Assis.
Referindo-se
especialmente ao Capítulo Geral em curso, o Papa mencionou com apreço o facto de congregar
“frades provenientes de tantos países e culturas diferentes, para se escutarem e falarem
mutuamente, mediante a linguagem única do Espírito, tornando assim viva a memória
da santidade de Francisco. Bento XVI fez votos de que “aproveitem deste confronto
para se interrogarem sobre quanto o Espírito lhe pede para continuarem a anunciar
com paixão,,, o Reino de Deus nesta parte inicial do terceiro milénio cristão”. A
propósito do tema do Capítulo – a formação para a missão – o Papa considerou que esta
deve ser considerada “como um caminho permanente”. “Trata-se de um percurso com múltiplas
dimensões, mas centrado sobre a capacidade de se deixar plasmar pelo Espírito, para
serem prontos a ir aonde quer que Ele os chame”. Na base de tal formação permanente
– advertiu Bento XVI – há-de estar “a escuta da Palavra de Deus, num clima de oração
intensa e contínua”, para poder “sentir as verdadeiras necessidades dos homens e das
mulheres do nosso tempo, oferecendo-lhes respostas obtidas a partir da sapiência de
Deus e anunciando o que se experimentou profundamente na própria vida”.
“Ocorre
portanto que cada Frade seja um verdadeiro contemplativo, com os olhos fixos em Cristo.
É preciso que seja capaz, como Francisco perante o leproso, de ver o rosto de Cristo
nos irmãos que sofrem, levando a todos o anúncio da paz. Neste sentido, deverá fazer
seu o caminho de conformação ao Senhor Jesus, que Francisco viveu nos vários lugares-símbolo
do seu itinerário de santidade: de São Damião a Rivotorto, de Santa Maria dos Anjos
a La Verna.” “Chamado a vier segundo a forma do Evangelho (como escreveu
no Testamento), o Pobrezinho (de Assis) compreendeu-se inteiramente a si mesmo à luz
do Evangelho. É precisamente daqui que nasce a perene actualidade do seu testemunho.
A sua profecia ensina a fazer do Evangelho o critério para enfrentar os desafios
de cada tempo, também do nosso, resistindo ao fascínio enganador de modas passageiras,
para se radicar no projecto de Deus e discernir assim as autênticas necessidades dos
homens”