2007-06-16 14:36:11

A visita de Crisóstomo II é para o Papa um dom do Deus da esperança e da consolação. "Procurar uma nova e comum linguagem para o anúncio do Evangelho


(16/6/2007) Bento XVI recebeu este sábado na sua biblioteca particular no Vaticano o Arcebispo de Chipre e chefe da Igreja ortodoxa da ilha, Sua Beatitude Chrysostomos II.
O Arcebispo chegara á Sala do Trono pouco antes das 11 horas acompanhado pelo Presidente do Conselho Pontificio para a Unidade dos Cristãos, cardeal Walter Kasper, pelo arquimandrita Inácio Sotiriadis representante da Igreja ortodoxa da Grécia junto da UE e por um séquito de outras quatro pessoas.


Dirigindo-se a sua Beatitude o arcebispo Crisóstomo II, Bento XVI, partindo de uma citação de São Paulo aos Romanos, classificou esta visita como um dom do “Deus da esperança e da consolação”.


Do dom da perseverança, fazemos nós hoje experiência, porque, não obstante a presença de seculares divisões, de caminhos divergentes, e apesar da fadiga de cicatrizar dolorosas feridas, o Senhor não cessou de guiar os nossos passos na via da unidade e da reconciliação. E isto é para todos nós motivo de consolação, porque o nosso encontro de hoje se insere num caminho de busca cada vez mais intensa daquela plena comunhão tão desejada por Cristo: ‘ut omnes unum sint”.


Considerando que “a adesão a este ardente desejo do Senhor não pode e não deve ser proclamada apenas com palavras e de mera maneira formal”, o Papa registou com apreço o facto de o arcebispo Crisóstomo II não ter “vindo de Chipre a Roma simplesmente para um intercâmbio de cortesia ecuménica, mas sim para reafirmar a firme decisão de perseverar na oração e para que o Senhor nos indique como chegar à plena comunhão”.
De entre os muitos santos da Igreja de Chipre, Bento XVI evocou especialmente Barnabé, companheiro e colaborador do apóstolo Paulo, e também Epifania, bispo da actual Famagosta, observando que este último exerceu o seu ministério episcopal ao longo de 35 anos, num período turbulento para a Igreja em razão do recrudescimento da heresia ariana. Para combater os erros que reemergiam, este bispo redigiu um credo que retomava o Símbolo de Niceia mas inovando a linguagem. “Como bom pastor, Epifânio indica ao rebanho a verdade a acreditar, o caminho a percorrer, os escolhos a evitar. Um método válido ainda hoje para o anúncio do Evangelho”:

Urge encontrar uma linguagem nova para proclamar a fé que nos congrega, uma linguagem partilhada, uma linguagem espiritual capaz de transmitir fielmente as verdade reveladas, ajudando-nos assim a reconstruir, na verdade e na caridade, a comunhão entre todos os membros do único Corpo de Cristo.
Esta necessidade, que todos advertimos, leva-nos a prosseguir sem desânimos o diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja ortodoxa no seu conjunto; e orienta -nos a utilizar instrumentos válidos e estáveis, para que não seja descontínua e ocasional, na vida e missão das nossas Igrejas, a busca da comunhão.


Perante as dimensões ingentes desta obra, é preciso sem dúvida rezar – observou o Papa – mas também concretizar todo e qualquer meio humano válido. Como é, precisamente, o caso desta visita:


Considero a sua visita uma iniciativa mais do que nunca útil para nos fazer progredir em direcção à unidade querida por Cristo. Sabemos que esta unidade é dom e fruto do Espírito Santo; mas sabemos também que essa unidade requer, ao mesmo tempo, um esforço constante, animado por uma vontade certa e por uma esperança inquebrantável na potência do Senhor.
Obrigado, portanto, Beatitude, por ter vindo visitar-me com os irmãos que o acompanham. Obrigado por esta presença que exprime concretamente o desejo de procurar em conjunto a plena comunhão. Pela minha parte, asseguro-lhe que partilho este mesmo desejo, sustentado por uma firme esperança.








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