REPRESENTANTE VATICANO NA ONU, PEDE QUE VALOR DA SOLIDARIEDADE SEJA PARTE INTEGRANTE
DAS POLÍTICAS TRABALHISTAS
Genebra, 14 jun (RV) - "Enquanto o mundo se confronta com uma globalização
que aumenta a riqueza, mas é injusta em sua distribuição", os objetivos sociais não
podem ser deixados de lado. A solidariedade deve orientar as políticas trabalhistas
e formativas, tanto nacionais quanto internacionais, para reduzir o crescente percentual
de miséria que atinge muitas áreas do planeta. Foi a avaliação feita pelo representante
permanente da Santa Sé na ONU, em Genebra, Suíça, Arcebispo Silvano Maria Tomasi,
em seu pronunciamento de ontem, perante a 96ª sessão da Conferência Internacional
do Trabalho.
"Cerca de 195 milhões de homens e mulheres se viram impossibilitados
de encontrar trabalho, no ano passado, e um bilhão e 400 mil pessoas recebem, por
seu trabalho, um salário insuficiente para lhes permitir superar o nível de pobreza,
de US$ 2,00 por dia. Nesse contexto _ sublinhou Dom Tomasi _ a responsabilidade da
comunidade internacional e dos governos é colocada a dura prova, tanto para criar
um ambiente econômico capaz de oferecer oportunidades, quanto para favorecer a disponibilidade
de um trabalho digno."
Os dados fornecidos por Dom Tomasi mostram um cenário
impiedoso. Grande parte das tensões e dos conflitos "que atormentam a nossa sociedade
_ observou o representante vaticano _ tem suas raízes na falta de trabalho, em empregos
carentes de dignas condições de trabalho, ou em salários inadequados às necessidades
da existência, bem como em relações econômicas injustas".
E essas dificuldades
_ prosseguiu o arcebispo _ se compreendem melhor se inseridas num sistema internacional
grandemente condicionado, entre outros, pelo envelhecimento da população e pelo "abismo
entre as profissões necessárias e por um sistema de instrução incapaz de formar as
pessoas com os conhecimentos idôneos" às exigências de campos como o da economia,
tecnologia e comunicação que, mais do que outros setores profissionais, registraram
mudanças decisivas.
Ao analisar o quadro das transformações no campo do trabalho,
Dom Tomasi reiterou a posição da Santa Sé em favor de um sistema de políticas trabalhistas
justas e respeitosas dos direitos dos indivíduos, a fim de que seja possível erradicar,
na base, as "antigas e novas formas de discriminação" que atingem as faixas mais pobres.
O
trabalho, a empresa e a arena global dos investimentos financeiros, do comércio e
da produção _ afirmou o representante vaticano _ deveriam ter suas raízes no esforço
criativo e cooperativo, baseado em normas a serviço da pessoa humana, de cada homem
e mulher, e da sua igualdade de dignidade e direitos.
É a dimensão humana do
trabalho _ asseverou ele _ que deve ser valorizada e protegida", assim como o valor
da solidariedade permanece crucial e indispensável porque _ concluiu o prelado _ o
"novo horizonte" da demanda social é, agora, a pessoa humana, protagonista "de um
desenvolvimento integral que é o novo nome de paz". (RL)