Na audiência geral, o Papa lança novo apelo aos líderes do G8. Bento XVI falou desta
vez de São Cipriano de Cartago
(6/6/2007) No momento em que em Heiligendamm, na Alemanha, tem início a Cimeira do
G8, Bento XVI dirigiu aos líderes dos países mais industrializados do mundo “ um novo
apelo” a não desatenderem as promessas de aumentarem substancialmente a ajuda ao desenvolvimento.
O Papa falava no termo da audiência geral desta quarta feira, na Praça de São Pedro.
Bento XVI recordou a carta enviada em Dezembro passado à Chanceler alemã
Ãngela Merkel, agradecendo-a, em nome da Igreja Católica, pela decisão de manter na
ordem do dia do G 8 o tema da pobreza no mundo, com particular atenção à África. Na
sua cordial resposta – referiu o Papa – a doutora Merkel confirmou o empenho do G8
em alcançar os objectivos de desenvolvimento do milénio. “Quereria agora dirigir
um novo apelo aos líderes reunidos em Heiligendamm, para que não desatendam as promessas
de aumentarem substancialmente a ajuda ao desenvolvimento, a favor das populações
mais carecidas, sobretudo do continente africano”. “Nesse sentido, merece especial
atenção o segundo grande objectivo do milénio: conseguir a educação primária para
todos; assegurar a todas as crianças o ciclo completo da escola primária até 2015.
Um objectivo que faz parte integrante de todos os outros objectivos do milénio; é
garantia da consolidação dos objectivos alcançados e é ponto de partida dos processos
autónomos e sustentáveis de desenvolvimento”.
O Papa concluiu esta alusão
ao encontro do G8 recordando o empenho da Igreja Católica, “sempre na primeira linha
no campo da educação”, lado a lado com outras Igrejas cristãs, grupos religiosos e
organizações da sociedade civil. Trata-se – observou – de “uma realidade que, em aplicação
do princípio de subsidiariedade, os governos e as organizações internacionais são
chamados a reconhecer, valorizar e apoiar, inclusivamente através de adequados contributos
financeiros”.
Tema da audiência geral foi São Cipriano, bispo de Cartago,
no norte de África, poeta e escritor do século III, que tão bem falou sobre o correcto
modo de rezar, nomeadamente no Tratado que dedicou ao Pai Nosso. Palavras que – assegurou
Bento XVI – ainda hoje são válidas e nos ajudam a bem celebrar a santa liturgia”.
O Papa declarou a sua predilecção pessoal por esta obra de São Cipriano, que
tanto nos ajuda, não só a compreender o verdadeiro sentido do Pai Nosso, mas também
a aprender a rezar como Deus quer. São Cipriano sublinha que somos chamados a invocar
“Pai nosso”, no plural, para que seja claro que quem reza não reza só por si. A nossa
oração é pública e comunitária e quando nós rezamos, não rezamos só por uma pessoa
mas por todo o povo, porque com todos formamos um só”. Isso mesmo quando o cristão
reza no segredo do seu quarto a oração do Senhor. Aquele que habita interiormente
no espírito, esteja presente também na voz. Quando se reza (observou o Papa, comentando
o ensinamento de São Cipriano), há que fazê-lo com disciplina, mantendo calma e reserva,
recordando que se está sob o olhar de Deus, desejando agir segundo a Sua vontade,
tanto na posição do corpo como no tom da voz. Quando nos reunimos juntamente com os
irmãos e celebramos os sacrifícios divinos com os sacerdotes de Deus, devemos recordar-nos
do temor reverencial e da disciplina. Por outro lado, há que evitar a verbosidade,
que não agrada a Deus. O que Deus escuta não é a voz, mas sim o coração: “A oração
é obra do coração, não dos lábios, porque Deus considera não as palavras, mas sim
o coração de quem reza”. Temos muita necessidade de fazer nosso este coração que
escuta – de que nos falam a Bíblia e os Padres da Igreja – pediu o pontífice.
Só assim poderemos experimentar em plenitude que é Deus o nosso pai e que a Igreja,
esposa santa de Cristo, é verdadeiramente nossa mãe”.
Mas ouçamos a saudação
que Bento XVI pronunciou na nossa língua:
"Uma saudação
especial aos peregrinos vindos de Portugal, especialmente o grupo de jovens do Arciprestado
de Carrazeda de Ansiães, e do Brasil um grupo de visitantes. Que a visita à cidade
onde foram martirizados os Apóstolos São Pedro e São Paulo reavive a vossa fé em Cristo
Jesus, que por amor nos redimiu e nos chamou a ser filhos de Deus e a viver como irmãos
na justiça e na paz. A todos, de coração, dou a minha Bênção, que faço extensiva aos
vossos familiares e amigos."