CARDEAL BERTONE: SUPOSTA INDULGÊNCIA DE PIO XII COM O NAZISMO NÃO PASSA DE LENDA
Cidade do Vaticano, 06 jun (RV) - O cardeal secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, disse ontem, que existe uma lenda em torno da figura de Pio XII, que "pinta"
o papa Pacelli como "indulgente com o Nazismo, e insensível com as vítimas da perseguição",
e que, "ainda que os documentos contradigam essa lenda, é muito difícil erradicá-la".
O
Cardeal Bertone fez tais afirmações durante a apresentação, em Roma, do livro intitulado
"Pío XII. Eugenio Pacelli, um homem no trono de Pedro", de autoria do vaticanista
italiano, Andrea Tornielli.
O cardeal alegou que, embora os documentos existentes
e os testemunhos da época desmintam que Pio XII se tenha comportado con essa suposta
"indulgência" em relação ao Nazismo, a lenda que envolve a figura do pontífice é tão
enraizada que é muito difícil erradicá-la
O purpurado referiu-se também às
acusações sobre o suposto "silêncio" de Pio XII, frente ao holocausto dos judeus.
Ele ressaltou que, nos difíceis anos da II Guerra Mundial, o papa Pacelli abriu as
portas dos Seminários aos refugiados e perseguidos, dando ajuda a todos.
O
secretário de Estado vaticano assegurou que Pio XII (cujo pontificado durou de 1939
a 1958) foi um papa "prudente", e que as razões dessa prudência foram apresentadas
por ele mesmo, em 1943, quando disse que seu comportamento era "no interesse dos que
sofrem, para não agravar sua situação"
O Cardeal Bertone argumentou que uma
campanha da Igreja contra Hitler, então, teria carretado não apenas uma espécie de
"suicídio premeditado", mas teria também "acelerado a eliminação de um maior número
de judeus e de sacerdotes".
Em seu livro, Tornielli conta que Hitler considerava
Pio XII como "um inimigo".
Tendo pontificado nos duros anos do Nazismo, Pio
XII é acusado, por numerosos historiadores, de ser antisemita e de não ter elevado
sua voz com mais força, contra o regime hitleriano, acusação que sempre foi rechaçada
pela Santa Sé. Da mesma forma, os judeus sempre lhe atribuíram um "silêncio culposo"
diante do holocausto. (AF)