APELO DO PAPA AOS LÍDERES DO G-8: RESPEITEM A PROMESSA DE AJUDA AOS PAÍSES POBRES!
Cidade do Vaticano, 06 jun (RV) – Na Audiência Geral desta manhã, ma Praça
São Pedro, Bento XVI lançou um novo apelo aos líderes do G-8, reunidos na cúpula de
Heiligendamm, Alemanha, para que não esqueçam as promessas feitas no G-8 de Gleneagle,
Escócia, em 2055, de ajudar os países pobres.
O papa recordou a mensagem que
enviou, em dezembro passado, à chanceler alemã, Angela Merkel, para agradecer, "em
nome da Igreja Católica, pela decisão de conservar na ordem do dia do G-8, o tema
da pobreza no mundo, com particular atenção pela África".
Em sua resposta,
Angela Merkel assegurava a Bento XVI, sobre o compromisso do G-8, a alcançar as metas
de desenvolvimento do milênio. O papa pedia o imediato e incondicional perdão das
dívidas externas dos países pobres, além do acesso amplo e sem reservas aos mercados,
a luta contra as pandemias, como a AIDS, a tuberculose e a malária, e ainda, a redução
do comércio de armas, a luta contra a corrupção e contra a lavagem de dinheiro. Metas
_ afirmava o pontífice em sua mensagem _ ligadas "indissoluvelmente à paz e à segurança
no mundo".
"Neste momento _ disse o papa na Audiência Geral _ gostaria de dirigir
um novo apelo aos líderes reunidos em Heiligendamm, para que não faltem com as promessas
de aumentar substancialmente a ajuda ao desenvolvimento, em favor das populações mais
necessitadas, sobretudo as do continente africano. Nesse sentido, merece atenção especial,
a segunda grande meta do milênio: a educação primária para todos e a certeza de que,
até 2015, todo jovem completará todo o curso ginasial."
Esse objetivo _ disse
o Santo Padre _ "é parte integral do alcance de todas as metas do milênio; é garantia
da consolidação dos objetivos alcançados; e ponto de partida dos processos autônomos
e sustentáveis de desenvolvimento".
A seguir, o papa recordou o compromisso
da Igreja: "Não se pode esquecer que a Igreja Católica sempre esteve na linha de frente
no campo da educação, fazendo-se presente, particularmente, nos países mais pobres,
onde as estruturas estatais, muitas vezes, não conseguem chegar."
Também outras
Igrejas cristãs, grupos religiosos e organizações da sociedade civil _ prosseguiu
_ compartilham tal compromisso educativo. É uma realidade que, aplicando o princípio
de subsidiariedade, os governos e as organizações internacionais são chamados a reconhecer,
a valorizar e a apoiar, mediante _ inclusive _ o fornecimento de adequadas contribuições
financeiras".
Em sua catequese na Audiência Geral desta manhã, o pontífice
falou sobre a figura de São Cipriano, antigo bispo de Cartago _ na atual Tunísia.
Um bispo _ disse o papa _ que deu particular atenção à unidade da Igreja e que teve
compaixão para acolher nela, também aqueles que, atemorizados com as perseguições
anticristãs, haviam inicialmente abjurado a fé.
A Igreja é una e unida sob
a "cátedra de Pedro" e quem dela se distancia "se ilude" ao pensar fazer parte dela.
Todavia, o perdão para quem a abandonou e pede para retornar, é um ato cristão por
excelência, que parte do coração, ou seja, daquele lugar privilegiado da intimidade
com o divino, onde "o homem fala a Deus e Deus escuta o homem".
São Cipriano
_ explicou Bento XVI _ não foi um teólogo, mas um pastor, profundamente comprometido
em reconduzir a disciplina entre as fileiras cristãs, abaladas pela violência da perseguição
romana.
-Após a perseguição do ano 251, sob o imperador Décio, Cipriano teve
que afrontar a questão dos que haviam abandonado a Igreja, por medo de ser justiçados,
mas que agora, cessado o perigo, pediam para ser readmitidos.
A comunidade
de Cartago dividiu-se em duas: entre os que estavam prontos para o perdão e os intransigentes,
que consideravam os "desertores" caídos como traidores. Como se não bastasse, uma
grave pestilência e uma controvérsia entre o bispo de Cartago e o papa Estevão contribuíram
para aumentar a tensão.
Naquelas "difíceis circunstâncias _ observou o Santo
Padre _ Cipriano revelou excelentes dons de governo": "Foi severo, mas não inflexível
com aqueles que haviam abandonado a Igreja por medo de ser justiçados, dando-lhes
a possibilidade do perdão, após uma penitência exemplar; diante de Roma, foi firme
em defender as sadias tradições da Igreja africana; foi muito humano e impregnado
do mais autêntico espírito evangélico, ao exortar os cristãos à ajuda fraterna aos
pagãos durante a pestilência; soube ter a justa medida ao recordar aos fiéis _ por
demais temerosos de perder a vida e os bens terrenos _ que, para eles, a verdadeira
vida e os verdadeiros bens não são os deste mundo; e foi implacável no combate aos
costumes corrompidos e aos pecados que devastavam a vida moral, sobretudo a avareza."
Ao
término de sua catequese, o Santo Padre passou a saudar, em várias línguas, os diversos
grupos de fiéis e peregrinos presentes. Eis sua saudação em português: "Uma
saudação especial aos peregrinos vindos de Portugal, especialmente o grupo de jovens
do Arciprestado de Carrazeda de Ansiães, e do Brasil um grupo de visitantes. Que a
visita à cidade onde foram martirizados os apóstolos São Pedro e São Paulo reavive
a vossa fé em Cristo Jesus, que, por amor, nos redimiu e nos chamou a ser filhos de
Deus, e a viver como irmãos na justiça e na paz. A todos, de coração, dou a minha
bênção, que faço extensiva aos vossos familiares e amigos."
===============
Durante
a Audiência Geral, ocorreu um episódio particular: pouco antes de seu início, um desequilibrado
tentou subir no papamóvel, sendo imediatamente impedido pelos agentes da segurança.
Uma
nota da Sala de Imprensa da Santa Sé, sobre o episódio, afirma: "Antes da Audiência
Geral, quando o papa dava uma volta pela praça, para saudar os fiéis, e se encontrava
próximo ao obelisco, um jovem de 27 anos, de nacionalidade alemã, superou as barreiras
de proteção para aproximar-se do papamóvel. Foi impedido pela segurança vaticana e
detido para as necessárias averiguações."
"O interrogatório _ prossegue a nota
_ feito pelo juiz, Dr. Marrone, evidenciou que a intenção do jovem não era de atentar
contra a vida do papa, mas de fazer um ato demonstrativo, para chamar a atenção sobre
si. Tendo sido manifestados claros sinais de desequilíbrio mental, intervieram os
médicos psiquiatras do serviço sanitário vaticano e dispuseram o internamento do jovem,
para tratamento obrigatório, numa unidade sanitária especializada e protegida. Portanto
_ conclui a referida nota _ o caso deve ser considerado encerrado." (RL)