2007-06-04 18:33:29

SERÁ BEATIFICADO FRANZ JÄGERSTÄTTER, CAMPONÊS AUSTRÍACO ASSASSINADO PELOS NAZISTAS POR TER-SE OPOSTO A HITLER


Cidade do Vaticano, 02 jun (RV) – Nesta sexta-feira, Bento XVI abriu a estrada para a proclamação de duas novas santas e 320 novos bem-aventurados, entre os quais, numerosos mártires: japoneses, assassinados em 1600, por ódio à fé, e mártires da guerra civil espanhola, de 1936. Entre os próximos bem-aventurados figura também um camponês austríaco, Franz Jägerstätter _ cujo centenário de nascimento se celebra este ano _ assassinado pelos nazistas em 1943, por ter-se oposto, em nome do Evangelho, ao regime hitleriano.

Franz Jägerstätter nasceu no dia 20 de maio de 1907, numa pequena localidade da Alta Áustria, a poucos quilômetros do confim com a Baviera. Em 1938, a Alemanha hitleriana anexa a Áustria. No ano sucessivo, as tropas nazistas invadem a Polônia. Eclode a II Guerra Mundial.

Franz Jägerstätter é um camponês, casado e pai de três filhas. Em 1943, contava apenas 36 anos. Foi recrutado pelo exército do III Reich, mas se recusou a comparecer. A ideologia nazista se chocava com o Evangelho e com sua consciência. Sua rejeição coloca em risco sua vida.

Seu pároco, Pe. Josef Karobath escreveu: "Deixou-me sem palavras, porque tinha argumentações melhores. Tentei fazê-lo desistir, mas sempre me superou, citando as Escrituras". Franz tinha a sabedoria do humilde, não usava palavras difíceis, mas as palavras claras e exigentes do Evangelho.

Rezava, meditava, jejuava e lia os documentos da Igreja. Em 1937, Pio XI havia publicado a encíclica "Mit Brenneder Sorge" com a qual condenava duramente a ideologia racista e anticristã do Nazismo. "Nenhum poder coercitivo do Estado _ escrevia o pontífice _ poderá substituir os mais profundos e decisivos estímulos, que provêm da fé em Deus e em Jesus Cristo."

Franz foi detido. No cárcere, falando com a mulher, recordou as palavras de Jesus: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim". Ele foi guilhotinado no dia 9 de agosto de 1943, em Berlim, no mesmo cárcere onde foi enforcado o teólogo protestante, Bonhoeffer. Em seu testamento lemos: "Escrevo com as mãos atadas, mas prefiro isso a ter a minha vontade acorrentada."

Em sua visita ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, no dia 28 de maio do ano passado, Bento XVI havia recordado aqueles que, na Alemanha de Hitler, se opuseram ao regime nazista e foram considerados, na época, como "o refugo da nação".

"Hoje, porém, nós os reconhecemos com gratidão, como as testemunhas da verdade e do bem, que também em nosso povo não havia cessado _ disse o papa. Agradecemos a essas pessoas, porque não se submeteram ao poder do mal, e agora estão diante de nós, como luzes numa noite escura. Com profundo respeito e gratidão, nos inclinamos diante de todos aqueles que, como os três jovens diante da ameaça da fornalha ardente, souberam responder: "Somente o nosso Deus pode nos salvar-nos. Mas, ainda que não nos libertasse, saiba, ó rei, que nós jamais serviremos a seus deuses e não adoraremos a imagem de ouro que erigiu"." (RL)







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