SERÁ BEATIFICADO FRANZ JÄGERSTÄTTER, CAMPONÊS AUSTRÍACO ASSASSINADO PELOS NAZISTAS
POR TER-SE OPOSTO A HITLER
Cidade do Vaticano, 02 jun (RV) – Nesta sexta-feira, Bento XVI abriu a estrada
para a proclamação de duas novas santas e 320 novos bem-aventurados, entre os quais,
numerosos mártires: japoneses, assassinados em 1600, por ódio à fé, e mártires da
guerra civil espanhola, de 1936. Entre os próximos bem-aventurados figura também um
camponês austríaco, Franz Jägerstätter _ cujo centenário de nascimento se celebra
este ano _ assassinado pelos nazistas em 1943, por ter-se oposto, em nome do Evangelho,
ao regime hitleriano.
Franz Jägerstätter nasceu no dia 20 de maio de 1907,
numa pequena localidade da Alta Áustria, a poucos quilômetros do confim com a Baviera.
Em 1938, a Alemanha hitleriana anexa a Áustria. No ano sucessivo, as tropas nazistas
invadem a Polônia. Eclode a II Guerra Mundial.
Franz Jägerstätter é um camponês,
casado e pai de três filhas. Em 1943, contava apenas 36 anos. Foi recrutado pelo exército
do III Reich, mas se recusou a comparecer. A ideologia nazista se chocava com o Evangelho
e com sua consciência. Sua rejeição coloca em risco sua vida.
Seu pároco, Pe.
Josef Karobath escreveu: "Deixou-me sem palavras, porque tinha argumentações melhores.
Tentei fazê-lo desistir, mas sempre me superou, citando as Escrituras". Franz tinha
a sabedoria do humilde, não usava palavras difíceis, mas as palavras claras e exigentes
do Evangelho.
Rezava, meditava, jejuava e lia os documentos da Igreja. Em 1937,
Pio XI havia publicado a encíclica "Mit Brenneder Sorge" com a qual condenava duramente
a ideologia racista e anticristã do Nazismo. "Nenhum poder coercitivo do Estado _
escrevia o pontífice _ poderá substituir os mais profundos e decisivos estímulos,
que provêm da fé em Deus e em Jesus Cristo."
Franz foi detido. No cárcere,
falando com a mulher, recordou as palavras de Jesus: "Quem ama o pai ou a mãe mais
do que a Mim, não é digno de Mim". Ele foi guilhotinado no dia 9 de agosto de 1943,
em Berlim, no mesmo cárcere onde foi enforcado o teólogo protestante, Bonhoeffer.
Em seu testamento lemos: "Escrevo com as mãos atadas, mas prefiro isso a ter a minha
vontade acorrentada."
Em sua visita ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau,
no dia 28 de maio do ano passado, Bento XVI havia recordado aqueles que, na Alemanha
de Hitler, se opuseram ao regime nazista e foram considerados, na época, como "o refugo
da nação".
"Hoje, porém, nós os reconhecemos com gratidão, como as testemunhas
da verdade e do bem, que também em nosso povo não havia cessado _ disse o papa. Agradecemos
a essas pessoas, porque não se submeteram ao poder do mal, e agora estão diante de
nós, como luzes numa noite escura. Com profundo respeito e gratidão, nos inclinamos
diante de todos aqueles que, como os três jovens diante da ameaça da fornalha ardente,
souberam responder: "Somente o nosso Deus pode nos salvar-nos. Mas, ainda que não
nos libertasse, saiba, ó rei, que nós jamais serviremos a seus deuses e não adoraremos
a imagem de ouro que erigiu"." (RL)