Democracia e direitos humanos nas conclusões do congresso "pro pace" da diocese angolana
de Ndalatando
(28/5/2007) O Pacote legislativo eleitoral sobretudo o seu Código de conduta deverão
ser mais divulgados para o pleno conhecimento das populações, que votarão nas próximas
eleições em Angola. Esta, é uma das conclusões saídas do Congresso Pro Pacem da
Diocese de Ndalatando realizado na capital da Província do Kwanza Norte de 21 a 24
de Maio corrente. Os congressistas consideram ser visível um grande déficit de
conhecimento sobre as leis que vão suportar o próximo pleito eleitoral. Daí solicitarem
maior divulgação desses documentos principalmente no interior do país, comprometendo-se
a promover a noção de Democracia Multipartidária visando o desenvolvimento social,
económico e político. Os participantes entendem também ser necessário a promoção
de uma imprensa livre e isenta e que os meios existentes se abram mais à pluralidade
de ideias para melhor garantir a diversidade de opiniões próprias de um estado democrático.
Nesta esteira, os congressistas solicitam que dentro do actual quadro legal se encontrem
mecanismos menos burocráticos, que conduzam à expansão do sinal da rádio Ecclesia
bem como de outros órgãos que se pretendam estabelecer em várias localidades de Angola. Para
os participantes o acesso à justiça deve ser de facto facilitado pelas autoridades,
de modo a que as populações encontrem nos órgãos afins a solução dos seus problemas,
partindo do pressuposto da isenção e da imparcialidade dos Tribunais e sobretudo dos
departamentos de Investigação Criminal da Polícia Nacional. Reforçam a necessidade
da promoção pelo respeito pelos Direitos Humanos a partir da Declaração Universal
e da Lei Constitucional de Angola, tendo em atenção a sua violação sobretudo pelos
agentes da ordem, que no exercício das suas funções ainda usam deliberadamente a tortura
e a prisão arbitrária como meios para imporem a sua autoridade. Ressaltam que
a oposição partidária seja mais consciente do seu dever e responsabilidade na edificação
de um estado democrático no país. Chamam a sua atenção para que saibam viver na tolerância
e na aceitação das suas diferenças. Os congressistas auguram por uma repartição
equitativa dos recursos naturais abundantes em Angola, bem como exigem gestão transparente
e correcto uso destes mesmos recursos. Salientam que se comprometem a viver mais
a cidadania plena e o compromisso de vivência política segundo as regras democráticas
respeitando às leis. O Congresso Pro Pacem (Movimento pela Paz) em Ndalatando
congregou mais de uma centena de participantes, entre religiosos e religiosas, políticos,
governantes, professores, sobas e pastores de toda a Província. O Congresso Pro
Pacem de Ndalatando enquadra-se no projecto “Construtores da Democracia”, iniciativa
da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé implementado pela sua Comissão de Justiça
e Paz. Tem como objectivo fundamental preparar os cidadãos para as próximas eleições,
mediante a educação para a democracia no respeito da liberdade dos mesmos em escolher
o seu partido, na tolerância pelas opções dos outros e em geral no respeito pelos
direitos humanos. A Igreja pretende também que desta maneira os cidadãos possam contribuir
para a reabilitação do país, mediante a sua reconciliação e reconstrução política,
social e económica. Anseia igualmente que se garanta o acesso à informação sobre o
processo eleitoral, numa óptica de prevenção e resolução de conflitos para os cidadãos
angolanos. Outras nove Dioceses, Saurimo, Luena, Ondjiva, Lubango, Uíje, Mbanza-Congo,
Sumbe, Huambo e Malange realizarão também Congressos Pro Pacem. A União Europeia
e as agências internacionais Cordaid e Trocaire são os financiadores desta iniciativa
da Igreja Católica. (O Apostolado)