BENTO XVI A EMPRESÁRIOS ITALIANOS: RESPEITO À DIGNIDADE DOS TRABALHADORES É PATRIMÔNIO
DA EMPRESA
Cidade do Vaticano, 26 mai (RV) - O lucro não pode ser o critério exclusivo
a nortear as escolhas de uma empresa: foi a advertência de Bento XVI que, na audiência
que concedeu, esta manhã, aos jovens empresários da Confindustria (Confederação da
Indústria italiana, ndr), ressaltou que a dignidade dos trabalhadores é o patrimônio
mais precioso de uma empresa.
Em sua saudação ao pontífice, o presidente do
organismo de empresários italianos, Matteo Colaninno, assegurou o compromisso dos
jovens empresários de "realizar os princípios de responsabilidade social da empresa".
"O
nível de bem-estar social de que goza a Itália hoje, não seria pensável sem a contribuição
dos empresários" _ reconheceu Bento XVI que, encontrando os jovens empresários da
Confindustria, reiterou que "toda empresa deve ser considerada, em primeiro lugar,
um conjunto de pessoas a serem respeitadas em seus direitos e em sua dignidade".
O
Papa convidou o mundo empresarial italiano a enfatizar a "centralidade do homem no
campo da economia". "É indispensável que a referência última de toda tentativa econômica
seja o bem comum e a satisfação das legítimas aspirações do ser humano. Em outros
termos, a vida humana e seus valores devem ser sempre, o princípio e o fim da economia."
Bento
XVI se deteve, a seguir, sobre o papel do lucro nas empresas: "O magistério social
da Igreja _ recordou _ reconhece sua importância, ressaltando, ao mesmo tempo, a necessidade
de tutelar a dignidade das pessoas" envolvidas nas empresas.
Também nos momentos
de maior crise _ advertiu o Santo Padre _ "o critério que governa as escolhas de empreendimento
não pode ser a mera promoção de maior lucro".
"Nas grandes decisões estratégicas
e financeiras, de compra ou de venda, de redimensionamento ou de fechamento de instalações,
e na política das fusões não se pode limitar exclusivamente a critérios de natureza
financeira ou comercial. É necessário que a atividade do trabalho torne a ser o âmbito
no qual o homem possa realizar suas potencialidades, usufruindo a capacidade e talento
pessoal; e depende em grande parte dos senhores, empresários, criar condições mais
favoráveis para que isso ocorra."
Concluindo seu discurso, Bento XVI não deixou
de refletir sobre o fenômeno da globalização. Fenômeno _ afirmou _ que, se de um lado
alimenta a esperança de uma mais geral participação ao desenvolvimento, de outro,
"apresenta diversos riscos ligados às novas dimensões das relações comerciais e financeiras,
que seguem na direção de um incremento do abismo entre a riqueza econômica de poucos
e o crescimento da pobreza de muitos".
O pontífice renovou o apelo _ já lançado
por João Paulo II _ a fim de que seja assegurada uma "globalização na solidariedade"
e "sem marginalização". (RL)