A “tarefa irrenunciável” de “anunciar a todos, sem desanimar”, Jesus Cristo, caminho,
verdade e vida, e a “urgência” de fazer amadurecer, mesmo dentro da Igreja a certeza
de que Ele é “o nosso único Salvador”: aspectos recordados por Bento XVI aos Bispos
italianos, reunidos no Vaticano
24/5/2007) O Papa referiu com apreço o facto de, apesar de tudo, a Igreja em Itália
continuar a ser “uma realidade de povo, capilarmente próxima das pessoas e das famílias”;
a “fé católica e a presença da Igreja” constituem “o grande factor unificador” da
Nação e “preciosa reserva de energias morais para o futuro”. Contudo, advertiu, não
se podem ignorar ou minimizar “dificuldades e insídias que podem crescer com o andar
do tempo e das gerações”.
“Advertimos quotidianamente, nas imagens proposta
pelo debate público e amplificadas pelo sistema das comunicações, mas também, embora
em medida diversa, na vida e nos comportamentos das pessoas, o peso de uma cultura
marcada pelo relativismo moral, pobre de certezas e rica, pelo contrário, de revindicações
tantas vezes injustificadas”. Neste contexto, o Papa apontou “a necessidade de um
fortalecimento da formação cristã mediante uma catequese mais substanciosa”, assim
como do “empenho constante em colocar cada vez mais Deus no centro da vida das nossas
comunidades, dando o primado à oração, à amizade pessoal com Jesus e à chamada à santidade”
Devemos
ter plena consciência que do mistério de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro
homem, brotam a unicidade e universalidade salvífica da revelação cristã e portanto
a tarefa irrenunciável de anunciar a todos, sem nos cansarmos e sem nos resignarmos,
o proprio Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida. A estima e o respeito
para com as outras religiões e culturas, com as sementes de verdade e de bondade que
aí estão presentes e que representam uma preparação do Evangelho, são particularmente
necessários hoje em dia, num mundo que cresce cada vez em conjunto. Não pode contudo,
diminuir a consciência da originalidade, plenitude e unicidade da revelação do verdadeiro
Deus que em Cristo nos foi definitivamente dada, e não se pode também atenuar ou enfraquecer
a vocação missionária da Igreja. O clima cultural de relativismo, que nos rodeia,
torna cada vez mais importante e urgente radicar e fazer maturar em todo o corpo eclesial
a certeza de que Cristo é o nosso único Salvador
Neste contexto, o Papa
Ratzinger evocou o seu recente livro “Jesus de Nazaré”, “escrito – disse – também
com esta intenção”.
Referindo depois a responsabilidade para com toda a nação
italiana, o Papa observou que, “no pleno e cordial respeito da distinção entre Igreja
e política, entre o que pertence a César e o que pertence a Deus, não podemos deixar
de nos preocupar com o que é bom para o homem, criatura e imagem de Deus: em concreto,
do bem comum da Itália.” Detendo-se em particular na manifestação que recentemente
teve lugar em Roma a favor da família, por iniciativa do laicado católico mas partilhada
também por muitos não católicos, Bento XVI congratulou-se com o que classificou como
“uma grande, extraordinária, festa de povo, que confirmou até que ponto a família
está profundamente radicada no coração e na vida dos italianos. “Este acontecimento
contribuiu sem dúvida para tornar visível a todos aquele significado e aquele papel
da família na sociedade, que tem particularmente necessidade de ser compreendido e
reconhecido hoje, perante uma cultura que se ilude de favorecer a felicidade das pessoas,
insistindo unilateralmente sobre a liberdade de cada um dos indivíduos. Não podemos,
portanto, deixar de apreciar e encorajar toda e qualquer iniciativa do Estado a favor
da família como tal.”
Quase a concluir, o Papa evocou ainda a atenção a
reservar “às necessidades reais das pessoas”, às “muitas pobrezas, antigas e novas,
visíveis ou escondidas”. Realidades enfrentadas por tantas entidades eclesiais,
das dioceses às paróquias, das Caritas e tantas outras organizações de voluntariado.
Bento XVI exortou os Bispos italianos a “promoverem e animarem este serviço, de tal
modo que nele resplenda sempre o autêntico amor de Cristo. “Que todos possam fazer
a experiência concreta de que não existe nenhum separação entre a Igreja defensora
da lei moral, escrita por Deus no coração do homem, e a Igreja que convida os fiéis
a fazerem-se bons samaritanos, reconhecendo em cada pessoa que sofre o próprio próximo”.