SANTA SÉ APÓIA, NA OMS, PROJETO BRASILEIRO DE ACESSO DOS PAÍSES POBRES AOS MEDICAMENTOS
ANTIAIDS
Genebra, 23 mai (RV) - A Santa Sé anunciou ontem, que apoiará o pedido do governo
brasileiro, para que seja criada uma estratégia internacional para garantir o acesso
dos países mais pobres, aos medicamentos de combate à AIDS. A medida prevê, inclusive,
a quebra de patentes, quando necessário.
O Brasil apresentou a resolução na
Organização Mundial da Saúde (OMS) e esperava que um texto de consenso pudesse ser
negociado. Mas, no final da noite de segunda-feira, as negociações fracassaram, nenhum
acordo foi obtido e o tema será colocado em votação hoje, em Genebra. O governo brasileiro
culpou os EUA, Suíça e outros países europeus de terem tentado barrar um acordo. Na
OMS, as resoluções são tradicionalmente negociadas e aprovadas por consenso. Mas,
diante do colapso das negociações, o Itamaraty decidiu levar a resolução a uma votação.
Pelos
cálculos do governo, o Brasil deve ter os votos necessários, dos países em desenvolvimento,
para garantir a aprovação da proposta. Com a votação, o governo espera que fique claro
quais são os países contrários a um maior acesso aos medicamentos.
Apesar de
não poder votar, a Santa Sé decidiu se declarar oficialmente a favor da proposta brasileira.
O observador permanente da Santa Sé na OMS, Dom Silvano Maria Tomasi, afirmou que
"vê de forma muito positiva a posição do governo brasileiro em relação à propriedade
intelectual e, por isso, apóia a proposta feita por Brasília". A 60ª Assembléia Mundial
da Saúde se encerra hoje.
Em seu pronunciamento na segunda-feira, dia 21, o
observador permanente da Santa Sé afirmou que "apenas 15% das crianças soropositivas
que necessitam de tratamento antiviral têm acesso efetivamente a essas terapias que
salvam vidas".
Dom Tomasi lançou um alarme sobre o fenômeno mundial da AIDS
entre as crianças. Ele mencionou doenças como a tuberculose, a malária e a AIDS, e
recordou a catástrofe de 10,5 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade, muitas
das quais morrem de doenças curáveis, porque não foram definidas ainda, as doses e
os remédios adequados para o uso pediátrico: um problema particularmente urgente no
caso da AIDS, porque _ alertou o arcebispo _ "muitos soropositivos ainda são excluídos
das terapias necessárias".
"Boa parte das ameaças à saúde, causadas por essas
enfermidades _ salientou Dom Tomasi _ poderiam ser enfrentadas adequadamente, se a
família humana global se empenhasse a realizar programas de pesquisa, vacinação e
tratamento acessíveis e orientados para a ação, como também a promover uma educação
preventiva, que respeitasse a lei moral natural." (CM)