GOVERNO DE EVO MORALES PEDIRÁ EXPLICAÇÕES AO VATICANO SOBRE AFIRMAÇÕES DO PAPA
La Paz, 19 mai (RV) – O governo boliviano de Evo Morales anunciou ontem, que
convidará o núncio apostólico no país, Dom Ivo Scapolo, para "uma conversação" sobre
o discurso de Bento XVI no Brasil, quando o pontífice denunciou a existência de "governos
autoritários" na América Latina, ainda que sem citar nomes.
O ministro boliviano
das Relações Exteriores, David Choquehuanca, disse que o governo ordenou a convocação
de Dom Scapolo e que agora, aguarda uma resposta do diplomata vaticano, para fixar
a data de seu comparecimento.
"Queremos conversar sobre as declarações do papa.
São declarações da Igreja. Nós as respeitamos, mas estamos preocupados com essas afirmações
e, por isso, decidimos convocar o núncio para esclarecer a questão" _ disse Choquehuanca,
numa coletiva de imprensa.
Em sua visita ao Brasil, há cerca de uma semana,
Bento XVI advertiu sobre o surgimento de governos autoritários na região, embora não
tenha se referido explicitamente a nenhum país. O pontífice elogiou o progresso da
democracia na região, mas ressaltou que subsistem motivos de preocupação com as formas
de governo autoritárias, "sujeitas a ideologias que se acreditava superadas".
O
governo da Venezuela disse, esta semana, que não há nenhuma razão para se pensar que
o papa se referisse à administração Chávez, quando falou de "autoritarismo", durante
sua visita ao Brasil.
A oposição boliviana tem acusado Morales, reiteradamente,
de comportamento "totalitário", pelo fato de impor suas reformas. O líder da oposição
conservadora, o ex-presidente Jorge Quiroga, disse, esta semana, que Morales deveria
seguir os conselhos de Bento XVI, e não os de seu aliado, Hugo Chávez. (AF)