TEÓLOGOS CATÓLICOS E ORTODOXOS REÚNEM-SE EM BARI, SUL DA ITÁLIA, PARA DISCUTIR SOBRE
O PRIMADO DO BISPO DE ROMA
Bari, 17 mai (RV) - Inicia-se amanhã, sexta-feira, em Bari, no sul da Itália,
o XV Colóquio católico-ortodoxo, promovido pela Faculdade Teológica Pugliese, com
o tema "O Primado do Bispo de Roma. Colóquio entre Teólogos". O colóquio tem em vista
a retomada, no último trimestre deste ano, na cidade italiana de Ravenna, dos trabalhos
da Comissão mista internacional para o diálogo teológico católico-ortodoxo, que está
comprometida justamente na questão do papel do Bispo de Roma na comunhão entre as
Igrejas. O professor Matteo Calisi, um dos relatores do Colóquio em Bari, nos fala
sobre a finalidade desse encontro:
Prof. Matteo Calisi:- "A finalidade
é afrontar temáticas cruciais, em particular, como referiu sua eminência Ioannis Zizioulas
_ que é o presidente da composição ortodoxa na Comissão mista _, trata-se de definir
bem o papel do Bispo de Roma na estrutura da Igreja presente no mundo inteiro. Porque
os ortodoxos estão prontos para aceitar a idéia de um primado universal e nós sabemos
que segundo os cânones da Igreja antiga o Bispo de Roma é o Primus. Ademais, esse
colóquio em Bari é memore do apelo dirigido a esse propósito por João Paulo II na
célebre encíclica 'Ut Unum Sint' a todos os teólogos das Igrejas cristãs."
P.
Professor Calisi, o senhor está há anos empenhado ativamente no diálogo entre católicos
e ortodoxos. A que ponto se encontra o diálogo sobre o papel do papa?
Prof.
Matteo Calisi:- "2007 é um ano crucial para as relações entre a Igreja católica
e a Igreja ortodoxa. O enviado do Patriarca de Constantinopla Bartolomeu I foi recebido
recentemente por Bento XVI e se está preparando esse grande evento de Ravenna entre
os representantes do Vaticano e de todas as Igrejas ortodoxas. Somente um ponto está
na ordem do dia, ou seja, a autoridade do papa na Igreja de todos os cristãos. Portanto,
essa é a tentativa de encontrar um caminho para superar o grande cisma de 1054, que
separou a igreja do Oriente da Igreja do Ocidente."
P. Realizou-se recentemente
o encontro ecumênico de Stuttgart no qual movimentos e comunidades cristãs de diversas
confissões se encontraram unidos para relançar os valores evangélicos numa Europa
que parece por vezes renegar as suas raízes espirituais. O senhor participou desse
encontro: a seu ver, como o ecumenismo pode renovar a Europa à luz das discussões
do encontro de Stuttgart?
Prof. Matteo Calisi:- "Seguramente, a
relação de comunhão existente entre movimentos e novas comunidades dentro das Igrejas
cristãs européias pode tornar-se verdadeiramente uma experiência de uma renovada unidade
espiritual também de toda a Europa. Em Stuttgart encontraram-se católicos, evangélicos,
anglicanos, ortodoxos, embora mantendo cada um a sua autonomia, mas, juntos, refletiram
sobre âmbitos comuns, sobretudo os âmbitos sociais como a família, o trabalho, a educação
dos jovens, os meios de comunicação, a economia, e creio que essa sinergia represente
uma ocasião para mostrar a validade de uma experiência no mundo de hoje e em particular
na Europa."
P. Professor Calisi, existe realmente o risco, como diz o papa,
de que a Europa esteja preparando sua própria despedida da história?
Prof.
Matteo Calisi:- "O risco existe, está à espreita; por isso nós cremos que é necessário
que cada um com a sua diversidade deve contribuir com espírito evangélico para a realização
daquilo que costumamos chamar a Europa do espírito, um compromisso que se radica em
nossa própria identidade de cristãos de diversas denominações. Certamente no profundo
respeito pelas culturas diversas, mas nós cremos que mediante essa ligação mútua podemos
chegar a uma concreta colaboração, para que a Europa cristã retorne a viver com a
sua alma." (* RL)