2007-05-18 15:51:59

FIM DA DIVISÃO ENTRE ORTODOXOS RUSSOS: ASSINADO "ATO CANÔNICO DE COMUNHÃO"


Moscou, 17 mai (RV) - Os ortodoxos russos puseram fim a 80 anos de divisão com a assinatura, nesta quinta-feira, em Moscou, do "Ato Canônico de Comunhão" entre o Patriarcado de Moscou e a Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, fundada por sacerdotes e fiéis que fugiram da Rússia após a revolução bolchevique de 1917.

O documento foi assinado pelo patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Aleksej II, e pelo primeiro hierarca da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, o metropolita Lavr, em cerimônia realizada na Catedral de Cristo Salvador, com a presença do presidente russo, Vladímir Putin, e de outras altas autoridades do país.

"A alegria ilumina nossos corações. Ocorreu um acontecimento histórico que esperamos há longos anos. A unidade da Igreja Russa foi recuperada. Foram superadas as divisões eclesiásticas e o confronto social herdados dos tempos da revolução", disse Aleksej II. "Quando se fortalece a Igreja, renasce também nossa pátria", acrescentou o patriarca.

Após assinarem o Ato, Aleksej II e o metropolita Lavr se beijaram três vezes e, depois, o primeiro hierarca da Igreja Russa no Exterior beijou a mão do Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, em sinal de reconhecimento de sua maior hierarquia.

A divisão dos ortodoxos russos ocorreu em 1927, dez anos depois da revolução bolchevique, quando a Igreja Ortodoxa no Exterior rompeu com o Patriarcado de Moscou, que tinha assinado uma declaração de lealdade ao regime soviético.

Com o fim da União Soviética, em 1991, foi obtido o acesso a alguns arquivos do KGB (Comitê Estatal de Segurança) e aumentaram as denúncias de que altos hierarcas da Igreja Ortodoxa Russa colaboraram com os serviços secretos.

Segundo o padre e ex-deputado, Gleb Yakunin, que fez parte do movimento democrático que levou Boris Yeltsin ao poder em 1991, Aleksej II colaborou com o KGB.

"Hoje, após décadas de separação, se pode afirmar com certeza: neste conflito político-eclesiástico não houve vencedores", disse Putin em discurso na Catedral do Cristo Salvador.

O chefe do Estado ressaltou que o renascimento da unidade da Igreja é "a condição mais importante para a recuperação da unidade do mundo russo, cujo pilar espiritual sempre foi a fé ortodoxa".

Putin destacou que a assinatura do Ato Canônico de Comunhão na Catedral do Cristo Salvador é um "símbolo do renascimento e do florescimento da Igreja Ortodoxa Russa".

Segundo o documento, o Patriarcado de Moscou reconhece a autonomia da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior em assuntos pastorais, administrativos, patrimoniais, mas "em unidade canônica com toda a Igreja Ortodoxa Russa".

Agora, a Igreja no Exterior elegerá o primeiro hierarca de acordo com seu próprio regulamento, mas essa escolha deverá ser ratificada pelo patriarca e pelo Sínodo do Patriarcado de Moscou. (*PL)







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