ARGENTINA: NOVA CONTROVÉRSIA ENTRE IGREJA E GOVERNO
Buenos Aires, 18 mai (RV) – O chefe do Gabinete de Ministros da Argentina,
Alberto Fernández, recomendou ontem, ao cardeal-primaz do país, Jorge Mario Bergoglio,
presidente do Episcopado argentino e arcebispo de Buenos Aires, que estude "um pouquinho"
antes de falar sobre a realidade socioeconômica do país.
"Não sei por que o
Cardeal Bergoglio fez tais afirmações. S estudasse um pouquinho a nossa realidade,
poderia se dar conta de que, quando assumimos o governo, a participação dos assalariados
na renda per capita era de apenas 35%, enquanto hoje é de 42%" _ disse Alberto Fernández.
"Antes,
o nosso índice de pobreza alcançava a casa dos 60% enquanto hoje é de apenas 28%"
_ acrescentou, em declarações a emissoras de rádio de Buenos Aires.
As críticas
de Alberto Fernández miravam as declarações feitas pelo Cardeal Bergoglio perante
a assembléia de bispos reunida em Aparecida, na V Conferência Geral do Episcopado
da América Latina e do Caribe. O cardeal afirmou que na Argentina existe uma "escandalosa
falta de eqüidade". "Persiste uma injusta distribuição dos bens, o que configura uma
situação de pecado social que clama aos céus e que exclui numerosos irmãos, da possibilidade
de uma vida mais plena" _ acrescentou.
Alberto Fernández fez questão de salientar
que todos os índices econômicos, na Argentina, melhoraram após a chegada do presidente
Nestor Kirchner ao poder.
Na verdade, desde que assumiu o governo, Kirchner
já esteve envolvido em diversas polêmicas com a Igreja: a primeira, em 2005, quando
o governo pediu a retirada do bispo castrense, Dom Antonio Baseotto, de suas funções,
por sua sugestão de que o ministro da Saúde, Ginés González García, "fosse lançado
no mar", em virtude da posição do ministro, favorável à legalização do aborto.
Meses
depois, Kirchner e a Igreja foram protagonistas de outra discussão, depois que o Episcopado
denunciou o crescimento, no país, da "desigualdade" e da "marginalização". (AF)