ARGENTINA: SLOGANS PRÓ-DITADURA NAS PAREDES DA IGREJA ONDE SE REUNIAM AS MÃES DA PRAÇA
DE MAIO
Buenos Aires, 16 mai (RV) – A igreja de Buenos Aires, que _ em pleno período
da repressão _ serviu de refúgio e local de reunião para os familiares dos tantos
desaparecidos, amanheceu ontem, com slogans a favor de Jorge Videla _ o primeiro presidente
da última ditadura militar argentina _ pintados em suas paredes e colunas..
A
frase "Viva Videla!" foi escrita em diversos locais, no interior da paróquia de Santa
Cruz, segundo informações aos jornalistas, de Pe. Carlos Saracini.
Nessa igreja,
começaram a se encontrar os parentes dos desaparecidos durante a ditadura de 1976-1983,
pessoas que, a seguir, constituíram a organização "Madres de Plaza de Mayo" (Mães
da Praça de Maio), em defesa dos direitos humanos.
Nas imediações da paróquia
de Santa Cruz, foram seqüestradas por paramilitares, em 1977, vários participantes
dessas reuniões, entre os quais as religiosas francesas, Ir. Alice Domón e Ir. Leonie
Duquet, e a argentina, Ir. Azucena Villaflor, uma das fundadoras das "Mães da Praça
de Maio", que foram assassinadas a seguir.
No domingo passado, foi celebrada
uma missa nessa igreja, pelos 33 anos do assassinato do sacerdote, Pe. Carlos Mugica
(ARGENTINA: RECUPERADAS AS PREGAÇÕES DE PE. MÚGICA, O "CURA DOS POBRES") por mãos
de membros da ultradireita, e para a próxima sexta-feira, dia 17, está prevista outra
cerimônia religiosa, pelas três décadas de existência das "Mães da Praça de Maio".
Segundo
dados oficiais, 18 mil pessoas desapareceram na Argentina, durante a última ditadura
militar. Organismos de defesa dos direitos humanos afirmam, todavia, que essa cifra
está muito aquém da realidade, e que os números reais seriam 30 mil pessoas. (AF)