"O mundo precisa de vidas limpas, de almas claras": Bento XVI na Missa de canonização
de Frei Galvão. O Papa sublinha centralidade da Eucaristia e da caridade na vida do
cristão.
(11/5/2007) Na sua homilia, Bento XVI começou por um convite a louvar e dar graças
a Deus por todas as suas maravilhas, e particularmente pela existência e testemunho
de Frei Galvão: Demos graças a
Deus pelos contínuos benefícios alcançados pelo poderoso influxo evangelizador que
o Espírito Santo imprimiu em tantas almas através do Frei Galvão. O carisma franciscano,
evangelicamente vivido, produziu frutos significativos através do seu testemunho de
fervoroso adorador da Eucaristia, de prudente e sábio orientador das almas que o procuravam
e de grande devoto da Imaculada Conceição de Maria, de quem ele se considerava ‘filho
e perpétuo escravo’. O Papa sublinhou a centralidade da Eucaristia na vida cristã.
“Na Sagrada Eucaristia está contido todo o bem espiritual da Igreja, o próprio Cristo,
nossa Páscoa, Pão vivo”. “Esta misteriosa e inefável manifestação do amor de Deus
pela humanidade ocupa um lugar privilegiado no coração dos cristãos”. “Os fiéis devem
procurar receber e reverenciar o Santíssimo Sacramento com piedade e devoção, querendo
acolher ao Senhor Jesus com fé e sempre, quando necessário, sabendo recorrer ao Sacramento
da reconciliação para purificar a alma de todo o pecado grave”. Para além
desta dimensão eucarística, sempre actual e válida, a vida de Frei Galvão é também
modelo de serviço e de atenção às necessidades, sobretudo espirituais, de todos e
de cada um. Significativo
é o exemplo do Frei Galvão pela sua disponibilidade para servir o povo sempre quando
era solicitado. Conselheiro de fama, pacificador das almas e das famílias, dispensador
da caridade especialmente dos pobres e dos enfermos. Muito procurado para as confissões,
pois era zeloso, sábio e prudente. Uma característica de quem ama de verdade é não
querer que o Amado seja ofendido, por isso a conversão dos pecadores era a grande
paixão do nosso Santo. Como testemunhavam os seus contemporâneos – sublinhou
o Papa - Frei Galvão foi, profundamente, “homem de paz e de caridade”. Um exemplo
que há que seguir também hoje em dia : A fama da sua
imensa caridade não tinha limites. Pessoas de toda a geografia nacional iam ver Frei
Galvão que a todos acolhia paternalmente. Eram pobres, doentes no corpo e no espírito
que lhe imploravam ajuda. Jesus abre o seu coração e nos revela o fulcro de toda
a sua mensagem redentora: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por
seus amigos» (ib.v.13). Ele mesmo amou até entregar sua vida por nós sobre a Cruz.
Também a acção da Igreja e dos cristãos na sociedade deve possuir esta mesma inspiração.
Quase a concluir, Bento XVI recordou ainda a necessidade de, “numa época tão cheia
de hedonismo”, viver uma dimensão de castidade e de “fidelidade a Deus”, válida para
todo e qualquer cristão, dentro ou fora do matrimónio: O mundo precisa
de vidas limpas, de almas claras, de inteligências simples que rejeitem ser consideradas
criaturas objeto de prazer. É preciso dizer não àqueles meios de comunicação social
que ridicularizam a santidade do matrimónio e a virgindade antes do casamento. /
É neste momento que teremos em Nossa Senhora a melhor defesa contra os males que afligem
a vida moderna; a devoção mariana é garantia certa de protecção maternal e de amparo
na hora da tentação. E o Papa quis terminar recordando o que ele própria referiu
aos jovens, no Encontro Mundial, de 2005, na Alemanha: Diante de uma
multidão de jovens, quis definir os santos da nossa época como verdadeiros reformadores.
E acrescentava: “só dos Santos, só de Deus provém a verdadeira revolução, a mudança
decisiva do mundo”. Este é o convite que faço hoje a todos vós, do primeiro ao último,
nesta imensa Eucaristia. Deus disse: «Sede santos, como Eu sou santo».