(7/5/2007) Com o seu empenho a nível internacional, a Santa Sé representa não uma
força politica no sentido normal da palavra, mas uma força moral e este facto assegura
a eficácia da sua acção a este respeito. Também a nível diplomático, é movida de
facto, não por uma vontade de protagonismo ou de hegemonia, mas pela pura e simples
fidelidade ao Evangelho que a impele a esta acção que encontra o seu centro vital
na promoção e defesa da pessoa humana, da justiça e da paz. Na lectio magistralis
do cardeal Renato Martino, que foi observador permanente da Santa Sé junto das Nações
Unidas em Nova Iorque, e hoje é Presidente dos dicastérios “Justiça e Paz e Pastoral
dos Migrantes, o Vaticano apresentou-se assim na manhã desta segunda feira aos diplomatas
dos países muçulmanos, de numerosos peritos e estudiosos dos cinco continentes, que
participam, na prestigiosa sede da Universidade pontifícia Gregoriana, num curso promovido
para fazer conhecer a realidade absolutamente unica da Santa Sé, que exerce uma leadership
religiosa sobre um bilião de católicos mas é também um Estado soberano com representantes
junto de Governos e de Organizações Internacionais. Na sua intervenção o purpurado
deu testemunho pessoal da acção humanizante da diplomacia do Vaticano, especialmente
durante as Conferências e Cimeiras internacionais das Nações Unidas, que nos últimos
decénios orientaram as politicas relativas aos problemas sociais e económicos da nossa
época, e aos direitos humanos. Da Conferência sobre o Ambiente humano em Estocolmo
em 1972 àquela sobre a população em Bucareste em 1974 e na Cidade do México em 1984,
da Cimeira de Vancouver em 1976 sobre estabelecimentos humanos áquela de Nairobi
em 1985 e de Pequim dez anos mais tarde em 1990, seguida depois em 1992 no Rio de
Janeiro sobre desenvolvimento e ambiente, para chegar á Conferencia sobre os Direitos
Humanos em 1993 em Viena e àquela sobre o habitat em 1996 em Istambul, “a primeira
linha do desempenho da Santa Sé na cena internacional – sublinhou o cardeal Renato
Martino - consistiu na promoção e na defesa dos direitos do homem. O Evangelho
– explicou – motiva o profundo empenho pelo reconhecimento do direito á vida de cada
ser humano, desde a concepção até á morte natura, pela promoção da dignidade pessoal
das mulheres, defesa do ambiente, direito ao desenvolvimento integral e sustentável,
novo nome da paz, e direito dos povos á paz que são e continuam a ser as principais
coordenadas da acção diplomática da Santa Sé. De tal acção o Presidente do Conselho
Pontifício Justiça e Paz reivindicou depois os grandes méritos, derivantes não tanto
de capacidades tipicamente politicas ou diplomáticas, mas sobretudo, e em primeiro
lugar, da capacidade da Santa Sé, nos diferentes contextos nacionais e internacionais,
de atribuir uma importância pública e uma visibilidade profética ao discurso religioso
e moral sobre o destino dos homens e das mulheres, e sobre os seus direitos fundamentais.
É uma homenagem – concluiu – que se deve á diplomacia da Santa Sé que foi e continuará
a ser, no seio da grande família das nações, uma testemunha autêntica da dignidade
do homem.