Bispos do Congo denunciam a pobreza material, económica, moral e social que aflige
o país.
(29/4/2007) A multidimensional pobreza que aflige a Republica do Congo é um convite
à responsabilidade de todos, alertam os bispos católicos do país africano. De facto,
esse foi o tema da 35ª Assembleia Plenária efectuada em Brazzaville, de 16 a 22 de
Abril: «A questão social: luta contra a pobreza». À análise -- à luz da doutrina
social da Igreja -- do flagelo da pobreza, a agenda episcopal uniu a questão das próximas
eleições legislativas, a degradação do meio ambiente e suas consequências no bem-estar
da população. Após a assembleia episcopal, na qual se reflectiu a partir da pesquisa
sobre a pobreza levada a cabo pela «Caritas Congo» e pela Comissão Justiça e Paz,
os prelados publicaram uma mensagem -- difundida pela Congregação Vaticana para a
Evangelização dos Povos -- com o mesmo tema da sua reunião. Na análise da situação
congolesa, alertam que «a pobreza é multidimensional»: «material, económica, moral
e social». Antes de mais, trata-se de uma carência económica e material: «Muitos
dos nossos cidadãos vivem na precariedade de forma dramática e em condições indignas
e deploráveis», indicam os bispos católicos deste país africano. Em 2000, as instituições
internacionais afirmavam que mais de 70% dos congoleses vive abaixo do limiar de pobreza,
com menos de um dólar por dia.» Mas também existe uma pobreza social, como a falta
de acesso à saúde, à água potável e à luz, além de condições higiénicas inadequadas.
Os bispos do Congo dividem as causas da pobreza em duas categorias: endógenas e exógenas.
«Dificuldades de acesso ao trabalho, reduzida capacidade aquisitiva, abdicação do
Estado das suas responsabilidades, inconsciência profissional e corrupção generalizada»,
«instabilidade política, ignorância e analfabetismo» são citados entre as causas endógenas.
Quanto às causas exógenas, na opinião do episcopado, elas derivam «essencialmente
da desigualdade nos termos do intercâmbio: os produtores de matérias-primas não são
responsáveis pela determinação dos preços destas nos mercados internacionais». Esta
situação apela à responsabilidade de todos, advertem os bispos: «Estamos convidados,
cada um segundo as próprias capacidades, a mudar as nossas formas de vida e a comprometer-nos
decididamente na luta contra a pobreza». Os cristãos são chamados a mobilizar-se
para que exista justiça sobre a base dos princípios fundamentais do cristianismo:
«a dignidade da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, o princípio do
bem comum, o destino universal dos bens da terra, o princípio de solidariedade».