PAPA PEDE PROMOÇÃO DE ESTILOS DE VIDA COMPATÍVEIS COM EXIGÊNCIAS DO PROGRESSO SUSTENTÁVEL
DOS POVOS
Cidade do Vaticano, 26 abr (RV) - Bento XVI manifesta apreço e reconhecimento
pelo seminário sobre "Mudanças climáticas e desenvolvimento", promovido pelo Pontifício
Conselho da "Justiça e da Paz". Num telegrama, assinado pelo cardeal secretário de
Estado, Tarcisio Bertone, o papa expressa sua satisfação pela realização do encontro,
que se conclui amanhã.
Uma iniciativa _ lê-se no telegrama _ "voltada a aprofundar
problemas de relevante importância ambiental, ética, econômica, social e política,
com repercussões que incidem, sobretudo, sobre setores mais frágeis da sociedade".
O seminário se propõe a analisar as mudanças do clima e as suas conseqüências sociais
e políticas.
Faço votos de que a "significativa iniciativa contribua a incentivar
a pesquisa e a promoção de estilos de vida, e modelos de produção e consumo marcados
pelo respeito pela criação e pelas reais exigências de progresso sustentável dos povos,
levando em consideração a destinação universal dos bens, como reitera a Doutrina Social
da Igreja": com essas palavras, Bento XVI saúda a abertura dos trabalhos do seminário.
O
encontro _ de apenas dois dias de duração _ é uma resposta ao grito de alarme ecológico
lançado nos dias passados pelo Conselho de Segurança da ONU, e reúne expoentes políticos,
especialistas e autoridades religiosas dos cinco continentes.
As linhas diretrizes
do encontro são o estudo publicado pelo "Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas"
_ a mais importante comissão de estudo das Nações Unidas sobre o aquecimento global
_ segundo o qual, até o final deste século, a temperatura superficial da Terra crescerá
provavelmente de 1,8 a 4 graus centígrados.
Uma perspectiva devastadora, portanto,
que chama diretamente em causa, as escolhas de desenvolvimento energético e produtivo
central sobre os combustíveis e sobre o desmatamento. Os trabalhos do seminário foram
abertos pelo presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", Cardeal Renato
Raffaele Martino.
Recordando a lição dos primeiros capítulos da Bíblia, o purpurado
ressaltou que "o domínio do homem sobre a criação não deve ser despótico e irresponsável".
Daí, a urgência de um perfeito equilíbrio entre as exigências da proteção ambiental
e do desenvolvimento dos povos mais necessitados.
É necessário "cultivar e
proteger" os bens criados para o desenvolvimento do homem: todo homem e todos os homens"
_ concluiu o Cardeal Martino.
Foi de grande interesse a conferência do ministro
britânico do Meio Ambiente, Alimentação e Negócios Rurais, David Miliband. Fazendo
votos de uma sempre mais frutuosa colaboração entre Estado e Igreja, ele ilustrou
a realidade das mudanças climáticas no mundo, apresentando a estratégia de seu governo.
"A
mudança climática não pode ser resolvida somente pelos governos ou pela atividade
econômica _ precisou o expoente do Reino Unido _ devemos mobilizar os cidadãos no
mundo." De fato, a mudança climática apresenta "questões éticas acerca do equilíbrio
de responsabilidade entre gerações e entre nações ricas e pobres. "Nessa perspectiva
_ concluiu o ministro Miliband _ aos grupos religiosos cabe um papel fundamental,
que é o de desenvolver uma base moral e ética para uma ação internacional".
O
presidente da Federação Mundial dos Cientistas, o italiano Antonino Zichichi, apresentou
os modelos da temperatura global; e Shyam Notka, do Comitê Nacional de Mudanças Climáticas,
da Guiana, se deteve sobre as florestas fluviais. (RL)